*Esse artigo foi trazido pela Chelsea Wilhite, M.A., BCBA. Ou seja uma analista do comportamento certificada pela Associação Americana de Análise do Comportamento e que fez este texto para o Blog bSci21. Confira aqui o texto original.
“Eu recentemente fui estudar para o exame de Certificação em Análise do Comportamento Aplicada e foram não menos que oito fontes de pesquisa enquanto eu estava estudando e praticando para o teste.
Em mais de uma dessas fontes, eu achei ideias apresentadas na Análise do Comportamento que são inconsistentes com outras áreas da Psicologia. Quando a minha edição de Julho/Agosto da Revista Americana Científica: Mind, chegou com a figura de uma criança sendo segurada por mãos adultas, com a seguinte frase “Ligados ao toque: Novas descobertas sobre os sentidos que nos ligam aos outros”, isso me lembrou um tópico que eu tive em uma questão particular, na minha avaliação de Certificação.
Uma das minhas questões foi a seguinte “Um pai, ou mãe quando usa o elogio como um reforço. Por que?”
- a atenção dos pais é uma forma de reforçador natural, ou porque…
- no passado, os pais foram pareados com coisas como comidas e brinquedos.
Essas foram todas frases parafraseadas de materiais pelos quais eu estudei, apesar de não me lembrar em qual foi.
Qual a resposta correta?
A resposta correta de acordo com o gabarito era a opção número 2.
Entretanto se você é familiarizado com a literatura da Psicologia do Desenvolvimento e Neurociência do Comportamento, existem evidências que o contato humano, ou o toque, é uma dos primeiros estímulos de bem estar, que a pessoa entra em contato.
Ou seja, um pai ou mãe, ao tocar a sua criança é uma forma de atenção e certamente foi pareado com um elogio verbal vocal.
Eu argumentei que a atenção verbal vocal dos pais foi pareada com as propriedades do reforço antes de doces, travessuras e brinquedos, foram pareados com atenção verbal vocal.
Então, no exemplo da pergunta e resposta citado acima, dependendo da forma como você interpretar “atenção”, a primeira opção de resposta seria a mais correta das duas.
Eu me considero somente minimamente familiarizada com a literatura do desenvolvimento e da neurociência. Mas porque eu conheço algumas das pesquisas com contato humano, a minha primeira opção teria sido a resposta 1.
Entretanto, tendo a questão em um exame, eu teria perdido, não porque eu estou errada, mas porque a área da Análise do Comportamento (ou nesse caso os materiais de estudo para o BCBA) não levam em conta informações de outros campos.
Por que a Análise do Comportamento não leva em conta outros campos?
A disparidade é perturbadora por uma variedade de razões.
Um ponto é que a ciência do comportamento não é tão efetiva como poderia ser, se nós fôssemos ignorantes dos avanços científicos de outras áreas.
O segundo ponto é que podemos correr o risco de fazer com os outros especialistas façam o que nós incomoda que as pessoas fora da análise do comportamento fazem conosco: digam que o campo é antiquado e impreciso.
E finalmente, eu fico imaginando com o que mais estamos errados. O que eu tenho aprendido nos meus treinamentos em análise do comportamento que está simplesmente errado?
Avanços científicos
Eu não quero sugerir a todos da nossa área que estão sendo antigos, ou não estão fazendo um esforço para acompanhar tudo. Afinal de contas, avanços na ciência de todos os tipos estão caminhando cada vez mais rápido.
Muitos dentro da comunidade analítico comportamental estão cientes que há muito mais fora da nossa bolha que nós precisamos saber.
Todd Ward, o editor fundador do bSci21, recentemente escreveu algo sobre pesquisa em brainets (sem tradução), ou animais com seus cérebros conectados uns aos outros, e as relações entre os cérebros conectados e os comportamentos dos animais.
Outro colega, Buqo de Brohavior (sem tradução), descreveu a sua experiência como um cientista comportamental, em uma conferência de Psicologia.
E na edição de Julho da Revista Behavior Analysis Quartel (uma revista de Análise do Comportamento), Amber Crane escreveu sobre ansiedade, um tópico tipicamente reservado para a Psicologia Clínica.
E estas são todas notícias de comportamentos analíticos que estão na mídia. Existem vários outros exemplos de trabalhos interdisciplinares em jornais científicos. Vários outros analistas do comportamentos estão em alta velocidade no desenvolvimento de campos vizinhos.
Importância da Análise do Comportamento explorar mais áreas
Para eles, eu digo, “Sim! Vamos continuar! E ajudar a manter o resto de nós informados.” Para os outros, eu gostaria de encorajá-los, meus queridos cientistas comportamentais, a explorar outras áreas com ênfase na:
- Psicologia;
- Sociologia;
- Educação;
- E qualquer ciência que pertença as suas especialidades.
Uma reflexão para nós
Nesse texto falado foi a necessidade da Análise do Comportamento não se fechar para outros campos. Afinal, eles são necessários acompanharmos as pesquisas de outras áreas da ciência.
Mas vamos trazer um pouquinho aqui para a nossa realidade.
Por exemplo, uma criança com atraso no desenvolvimento. Como um autista ou criança com síndrome de down.
Normalmente essa criança é atendida por uma equipe multidisciplinar. Ou seja, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo… O problema disso é quando cada um está com um foco.
Afinal, cada um desses profissionais trarão benefícios, ideias, objetivos de intervenção de acordo com a sua área de atuação. Mas, os objetivos devem ser unificados. Pois, precisam ser transformados em programas de ensino com registros, com repetições, com planejamentos mais metódicos que é o que a Análise do Comportamento faz.
Portanto, a forma ideal na verdade depende de cada realidade. Mas é preciso que tenhamos os objetivos únicos para a criança. E não partirmos essa criança em pedacinhos e cada profissional ver a sua parte.
Por fim, precisamos enquanto Terapeutas, Pesquisadores. Precisamos estarmos atentos aos avanços e descobertas de outras áreas de tudo que concerne o nosso público de atuação, não seremos menos analistas do comportamento por isso.