Comunicação alternativa ou aumentativa: Quebrando paradigmas

Receba nossos conteúdos exclusivos

Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

Você já ouviu falar sobre a comunicação alternativa ou aumentativa?

Quando estamos tratando do processo de ensino de crianças com desenvolvimento atípico é muito importante abordarmos a questão da comunicação.

E é muito importante aprendermos sobre os diferentes tipos de intervenções usadas no acompanhamento dessas crianças, que visam ajudar no processo de aprendizagem e seu desenvolvimento.

A comunicação alternativa ou aumentativa estão relacionadas a esses tipos de intervenções.

Conhecendo a comunicação alternativa ou aumentativa

O Mark Sundberg, que é considerado o “Papa” da Análise Comportamental. Ou seja, ele é um nome de grande relevância dentro da área do Comportamento Verbal.

É dele um dos protocolos mais utilizados para avaliar crianças com atrasos, especialmente envolvendo a linguagem, o Vb-Mapp. Certamente você já deve ter ouvido falar, uma vez que este é o protocolo padrão usado na avaliação de crianças.

fala-autismo

E quando eu ainda estudava esse protocolo, havia uma dúvida que sempre vinha à minha mente. Isso se devia ao fato dele sempre deixar explícito no protocolo que era contra a comunicação alternativa por troca de figura. E se mostrava mais a favor da comunicação por sinais.

Então eu sempre me questionava: Mas como isso é possível, já que a linguagem por sinais é muito mais difícil e nem todos entendem?

Mas nessa palestra dada por Mark, ficou bem claro o porquê ele adota esse tipo de pensamento. E é justamente por isso, que resolvi fazer esse post e compartilhar com vocês.

Comunicação alternativa ou aumentativa: Entendendo melhor o assunto

Hoje em dia se fala bastante em comunicação alternativa ou aumentativa dentro da área de Análise Comportamental.

Isso porque normalmente atuamos com criança do espectro autista com apraxia de fala. Ou seja, que tem um atraso de linguagem. Então é preciso desenvolver uma forma para que essa criança consiga se comunicar.

E as mais aplicadas nesse contexto são a comunicação alternativa ou aumentativa.

Comunicação Alternativa

Nesse momento, é preciso decidir se vai ser adotado ou não uma comunicação alternativa. Em caso afirmativo, é preciso então definir qual o tipo de comunicação alternativa será usada.

comunicação-alternativaSerá troca de figura? Se sim, é importante saber que dentro desse grupo existe o chamado PECS, que é um método de comunicação por troca de figura.

Mas também é possível usar outro método que não seja a PECS para estabelecer a comunicação alternativa, desde que o método aplicado atenda às necessidades da criança.

Quando tratamos desse assunto é importante não nos apegarmos a regras fixas, pois elas não funcionam assim. O ideal é buscar compreender o que se adequa para a criança.

Mas é muito importante também estarmos sempre atentos aos métodos que sejam baseados em pesquisas científicas sérias, como é o caso do PECS.

Dessa forma, o PECS pode ser uma boa opção e há muitos estudos que mostram a eficiência do método. Mas isso não quer dizer que ele é obrigatório para uma comunicação alternativa por figuras.

De todo modo, independente do método escolhido, para que ele tenha efeitos positivos no desenvolvimento da criança, é importante que ele esteja sendo seguido de forma exata.

Esses métodos são formados a partir de alguns procedimentos, que devem ser realizados da maneira correta para que tenha resultado.

Portanto, esse fator do modo como o método tem sido aplicado é essencial também para avaliar se ele funciona ou não para a criança.

Comunicação Aumentativa

Agora, se a comunicação adotada para a criança for a aumentativa, o procedimento será outro.

Geralmente, este é um tipo de comunicação pouco usado. E, particularmente, ainda não conheço alguém que faz uso da comunicação de sinais com crianças autistas. Mas, diantecomunicação alternativa ou aumentativa disso, por que será que o Sundberg defende tanto esse tipo de comunicação?

Ele acredita que através da linguagem de sinais é possível conquistar o benefício da comunicação em crianças com autismo, quase como se ela estivesse falando.

Por meio dessa linguagem, é possível ter os operantes verbais que normalmente se tem na linguagem falada, como o tato, o mando dentre outros.

E, assim, a criança que estava sofrendo com o atraso do processo de linguagem, pode começar a superar esse processo. E isso contribui muito de uma forma geral para todo seu processo de aprendizagem.

Antes de assistir a sua palestra, eu não acreditava muito nisso. Mas depois fiquei completamente convencida.

Desafio da Comunicação Aumentativa

Existe um grande problema que o próprio Sundberg enxerga na linguagem de sinais. Esse problema é fazer a criança emitir o tato, ou seja, fazer ela nomear as coisas.

Por exemplo, se fosse colocado uma caneta em frente de uma criança com autismo e ela pegasse e mostrasse a imagem de uma caneta, ela não estaria nomeando esse objeto. O que ela estaria fazendo seria um pareamento, que é outro procedimento distinto da emissão de tato.

Então, Sundberg não vê a possibilidade de uma criança emitir um tato apenas usando troca de figuras.

E de fato, ficou claro para mim, que não é possível fazer a emissão de tato usando PECS. Ou seja, a comunicação alternativa por troca de figuras talvez não seja o melhor caminho para se estabelecer um canal de comunicação envolvendo crianças com autismo. 

Sendo assim o que fazer nesses casos? 

Bom, a partir da palestra do Sundberg, pude perceber que o melhor a fazer nesse caso é usar a linguagem de sinais. Mas usá-la de uma forma transitória. Apenas para que a criança comece a atingir um repertório de linguagem melhor.

Devemos sempre ter em mente que o objeto mais importante é o desenvolvimento da fala da criança.

De certo modo essa palestra acabou quebrando um paradigma que existia em mim sobre esse assunto. E, por isso, achei importante compartilhar isso com vocês. Até mesmo para que pudéssemos discutir e quebrar um pouco o mito que existe acerca da linguagem de sinais.

Claro que o meu intuito aqui não é julgar nenhuma das formas de comunicação aplicadas nesse contexto. Mas trazer uma discussão sobre qual seria o caminho mais natural para fazer com que a criança desenvolva um repertório de linguagem adequado para atender as suas necessidades.

Mais uma consideração sobre a comunicação

Outro ponto também abordado na palestra do Sundberg é sempre usar o que a criança tem de melhor para trazer novos repertórios de linguagem.

Por exemplo, se a criança é uma boa imitadora ou repete bem o que você fala, então use isso como um facilitador para mostrar novos repertórios de linguagem a essa criança. Mas, vale lembrar que nada disso é possível sem que haja uma avaliação adequada da criança.

Até mesmo porque é a avaliação que vai guiar todo o processo. Então, sejam vocês pais, professores ou terapeutas é importante fazer uma avaliação da criança.  E somente então partir para o processo de comunicação que melhor atenderá a criança.

A discussão entre comunicação alternativa ou aumentativa é bastante extensa e há muitos pontos a serem ponderados. Poderemos ir falando sobre ela em outros artigos aqui no blog.

Se você tiver alguma dúvida ou experiência para compartilhar sobre o tema, deixe um comentário. Tenho certeza que será muito importante e enriquecedor para ajudar na discussão dessa temática.