Comportamentos problemáticos: 5 Dicas para identificar e evitá-los

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Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

Os comportamentos problemáticos simplesmente não acontecem do nada… Por isso, tenha certeza de que houve algum tipo de gatilho.

Mais uma vez, o seu filho fez aquilo que te deixa maluco. Talvez ele estivesse no seu quarto batendo a porta repetidamente. Ou então, ele tenha desmanchado toda a construção de Lego do primo, arruinando toda a brincadeira. Talvez tenha tido um colapso bem no meio da aula, enquanto todos os outros estavam sentados em silêncio fazendo a tarefa.

Seja qual for o episódio, se desencadeou comportamentos problemáticos, é porque houve um gatilho.

No entanto, encontrar esse gatilho pode requerer um pouco de investigação. No mundo ABA, olhamos para três fatores: antecedentes, comportamentos e consequências.

A partir daí, podemos avançar para descobrir prováveis gatilhos e depois fazer algo sobre eles.

1. Identificar o antecedente: o que veio primeiro?

Anote tudo o que aconteceu nos minutos imediatamente anteriores do problema ocorrer.

Para fazer isso, considere as seguintes questões:

  1. Quem estava por perto quando o comportamento ocorreu?
  2. Quais atividades/eventos estavam em andamento imediatamente antes do comportamento ocorrer?
  3. O que as outras pessoas estavam fazendo no recinto imediatamente antes do comportamento ocorrer?
  4. Como é o ambiente? (Por exemplo, iluminação, nível de ruído, cheiros, etc.)
  5. Onde o comportamento geralmente ocorre?
  6. Quando o comportamento ocorre?

Então, certifique-se de que as suas anotações sejam claras e acionáveis, incluindo detalhes suficientes para que você possa voltar a elas no futuro e isolar as pistas que possam dizer o que levou ao problema…

Exemplo do que não fazer:

Mamãe dá um quebra-cabeça à Emma e vai fazer o jantar.

Exemplo do que fazer:

Emma e mamãe estavam sentadas à mesa. Emma estava colorindo e mamãe estava trabalhando no seu laptop.

Mamãe coloca o laptop de lado e dá à Emma o seu quebra-cabeça favorito, ao mesmo tempo em que disponibiliza gizes de cera e papel.

Em seguida, mamãe foi para a cozinha. David está na sala de estar assistindo TV. Mamãe abre a geladeira e tira a carne e os legumes. Ela começa a ferver a água e liga o exaustor. Ela começa a cortar os legumes.

comportamentos problemáticos

2. Descrever o comportamento: qual é o comportamento problemático especificamente?

Anote tudo o que aconteceu durante o episódio de comportamentos problemáticos.

Descreva o comportamento sem fazer juízos ou suposições de valor… Simplesmente, registre o que você vê.

Exemplo do que não fazer: Emma estava com raiva, por isso teve um surto.

Exemplo do que fazer: Emma franziu o rosto e começou a fazer barulhos altos. Então, ela pegou as peças do quebra-cabeça e as jogou do seu lugar na mesa em direção a sua mãe na cozinha. Ela chutava a perna da mesa repetidamente, enquanto jogava peças de quebra-cabeça.

3. Descrever a consequência: o que resultou dos comportamentos problemáticos?

Descreva o que aconteceu imediatamente após o comportamento.

As consequências podem aumentar ou diminuir a probabilidade de os comportamentos problemáticos acontecerem novamente. Mas, como pai, pode ser difícil saber como impor consequências como parte de uma estratégia de disciplina.

De fato, isso já é difícil o bastante com uma criança neurotípica. Portanto, com uma criança no espectro autista, você pode ficar literalmente perdido.

Por isso é importante manter um registro de quais consequências específicas foram aplicadas e de como você as aplicou lhe ajudará a estabelecer uma base para o que é eficaz e o que não é.

Exemplo do que não fazer:

Mamãe para de cozinhar e fala com Emma. Emma se acalma até a mamãe começar a cozinhar novamente. Mamãe pune Emma, ​​mas as coisas pioram.

Exemplo do que fazer:

Mamãe para de cortar os legumes e desliga o fogão e o exaustor. Ela senta-se à mesa com Emma e pede para que ela pare de jogar as peças de quebra-cabeça.

Emma senta-se em silêncio enquanto a mamãe está à mesa, mas assim que entra na cozinha, Emma começa a jogar as peças do quebra-cabeça novamente.

Então, mamãe finalmente retira o quebra-cabeça e os gizes de cera. Mas, desta vez, quando vai para a cozinha, Emma grita e bate na mesa repetidamente.

Dessa forma, se uma consequência usada pelo pai ou pela mãe não diminuir o comportamento, a consequência precisará ser substituída.

Para obter uma tabela gratuita que pode te ajudar a acompanhar os três fatores (Antecedentes, Comportamento e Consequências), confira o site do Behaviorbabe. Também há um link para um exemplo da tabela preenchida.

4. Analisar as suas anotações para determinar a intenção por trás do comportamento do seu filho

Com crianças com TEA, quase sempre há um motivo para comportamentos problemáticos, mesmo que não esteja claro de imediato. B segue A…

O antecedente (A) é geralmente a razão para esse comportamento problemático (B). No entanto, a consequência (C), que vem depois de um comportamento, nem sempre é uma punição.

Às vezes, é puramente um ato maternal e empático. Isso significa que é possível, na verdade, reforçar os comportamentos problemáticos se você não tiver cuidado com as consequências.

Primeiro, você precisa identificar o que a criança está procurando alcançar com o comportamento problemático para poder iniciar uma estratégia para fornecer uma resposta que não reforce esses comportamentos.

Na ABA, falamos sobre os “4 A’s” como uma forma de determinar o que a criança está tentando alcançar com seu comportamento:

Atenção (attention)

Se a criança sempre receber atenção ao ter o comportamento problemático, o comportamento continuará. Por exemplo, a criança bate a cabeça repetidamente e a mãe ou o pai abraçam ela com força.

Isso também pode ser verdade para uma atenção negativa, já que até mesmo o feedback negativo preenche a necessidade da criança de algum tipo de resposta.

Por exemplo, uma criança pode deliberadamente provocar o seu irmão para chamar a atenção da mãe ou do pai.

Acesso (access)

Uma criança pode estar tentando obter acesso a algo.

Por exemplo, uma criança tenta chamar a atenção quando a companhia acaba porque ela sabe que a mãe lhe dará o iPad para acalmá-la.

Evitar (avoidance)

Uma criança pode estar tentando evitar algo que não goste.

Por exemplo, toda vez que uma criança bate os seus livros sobre a mesa, ela é enviada para a sala do diretor, evitando ficar na sala de aula por um tempo.

Automático (automatic)

Às vezes, uma criança se envolverá em algum tipo de comportamento sensorial repetitivo porque se sentirá bem ou se acalmará.

Bater com as mãos, bater com a cabeça, balançar, piscar e encostar são apenas alguns exemplos do que é conhecido como “stimming” ou comportamento autoestimulante.

Dessa forma, toda vez que uma criança entrar no carro, ela poderá cantarolar para acalmar a ansiedade em sua mente provocada pela velocidade das coisas que acontecem do lado de fora.

Qual é o caso de Emma?

Portanto, agora é hora de analisar quais dessas coisas podem estar acontecendo com Emma.

Atenção? Talvez. Pois, toda vez que ela se envolve com o comportamento, a mãe se junta a ela.

Acesso? Provavelmente não… A mãe não está dando nada a ela neste momento.

Evitar? Possivelmente. Quando ela se envolve no comportamento, vários sons param: o de corte dos legumes, a água fervendo e o exaustor. Talvez ela não queira jantar (pois, algumas crianças acham que comer é uma experiência sensorial difícil).

Automático? Provavelmente não. Embora ela possa estar tentando se acalmar ao chutar com a perna e jogar as peças do quebra-cabeça diretamente para a mãe, parece o contrário.

5. Processo de eliminação e experimentação: afunilando as possibilidades para identificar o gatilho

Como existem alguns gatilhos possíveis, a mãe precisará experimentar a alteração das variáveis e, por meio de um processo de eliminação, determinar o que está causando o comportamento de Emma.

O comportamento ainda ocorre quando a mãe não dá atenção?

Alguma coisa muda se a mãe não liga o exaustor? Ou o comportamento começa assim que o exaustor é ligado?

Às vezes, o gatilho se torna claro quase que imediatamente. Mas às vezes é preciso um pouco de trabalho.

Depois de descobrir o gatilho, é hora de elaborar um Plano de Intervenção Comportamental.

A ajuda que você precisa

Lidar com os comportamentos problemáticos de seu filho com TEA pode ser um grande desafio. Especialmente se você não tem muito conhecimento sobre a terapia ABA e estratégias práticas para lidar com essas situações.

Aqui no IEAC nós oferecemos um curso de treinamento online em ABA específico para pais, que pode te ajudar de muitas formas!

Com esse curso, você aprenderá a estimular a fala e linguagem de crianças e adolescentes com TEA. Além disso, aprenderá sobre comportamentos problemáticos, o que será muito útil para você saber o que fazer no dia a dia quando eles se apresentarem.

Investir nessa educação é investir no bem-estar do seu filho e da sua família.

Tem alguma dúvida sobre o assunto? Deixa aqui embaixo seu comentário!