5 Dicas de segurança da casa para seu filho autista

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Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

Aprenda como é possível tornar a casa segura para seu filho autista.

Para a maioria dos pais, tornar a casa um local seguro para as crianças significa pouco mais do que restringir o acesso aos possíveis perigos.

É um problema que pode ser resolvido em uma tarde, com algumas fechaduras de armário e uma ou duas grades de bebê.

Dessa forma, garantir que a sua casa seja um ambiente seguro, onde as crianças possam ser crianças sem ter que se preocupar com elas mexendo com alguma coisa venenosa ou caindo das escadas, é o básico.

Mas, como todo pai com filho autista sabe, quando se trata de TEA, nunca há uma única solução que funcione para todas as crianças.

Ao abordar o seu projeto de segurança para as crianças, você também precisará enfrentar o desafio de considerar a gravidade da condição do seu filho. Dessa forma, analisar o o grau de comprometimento cognitivo, se houver, e os comportamentos únicos apresentados.

Por fim, preparar a sua casa para uma criança com autismo normalmente vai além das práticas padrões de instalar fechaduras, cercas e esconder produtos químicos.

A segurança do lar para crianças autistas

Em vez de pensar apenas em termos de restringir o acesso às coisas que podem ser prejudiciais, você deverá começar a pensar nisso como um processo de adaptar a casa às necessidades do seu filho.

Afinal, seu filho autista também pode precisar de ajustes em outras coisas no seu ambiente para garantir que se sinta emocionalmente segura.

Projetar uma casa e uma rotina com uma criança com TEA diz tanto sobre segurança básica, quanto sobre levar em conta os seus comportamentos excepcionais e suas necessidades psicológicas.

Portanto, não existe uma solução única para todos os casos. Mas existem medidas que você pode tomar para alcançar a paz de espírito ao saber que pensou em tudo.

E quanto mais confiante você tiver feito tudo o que puder, mais poderá se concentrar no trabalho real de nutrir e apoiar o desenvolvimento emocional e psicossocial do seu filho.

Essas sugestões lhe colocarão no caminho certo para criar um ambiente mais seguro e confortável para o seu filho autista.

1. Fechaduras sofisticadas podem ser necessárias para impedir a perambulagem

Seu filho é curioso. As crianças adoram explorar e isso parece significar entrar em tudo e em qualquer coisa que não deveriam! Enquanto o autismo se expressa de maneira diferente em crianças diferentes, talvez o seu filho esteja determinado a abrir cada gaveta, armário e porta da sua casa.

Os produtos de limpeza domésticos são um perigo óbvio para qualquer criança. Semelhantemente, o mesmo se aplica aos fertilizantes de gramado, à gasolina para o cortador de gramas, às tintas e aos repelentes de insetos.

Entretanto, qualquer produto químico dentro e ao redor da sua casa tem o potencial de se tornar atraente para o seu filho.

A solução para os produtos perigosos

Sendo assim, pode ser uma boa ideia escolher um lugar na garagem – fora do ambiente comum diário do seu filho – para bloquear o acesso a todos os produtos químicos.

Qualquer pai ou mãe mantém os medicamentos domésticos fora do alcance das crianças.

Seu filho pode precisar de medicamentos diários. Dessa forma, mantê-los à mão em um armário da cozinha ou armário de remédios pode ser tentador. A verdade é que, mesmo com um trinco, esses armários são algo que o seu filho poderá tentar explorar.

Como um pequeno Houdini, o seu filho pode ser inteligente o bastante para aprender a destrancar algumas das fechaduras mais simples para crianças. Se for esse o caso, escolher mecanismos de bloqueio mais sofisticados é definitivamente uma boa ideia.

Muitas vezes, a necessidade de investir em fechaduras mais sofisticadas vai além de medidas simples de proteção à criança.

Os riscos da perambulagem

À medida que o seu filho autista entrar na adolescência, poderá ser necessário tomar medidas para restringir a perambulagem. Principalmente se ele tem dificuldades para entender os limites de segurança ou se recuse a ficar longe das ruas. Nos casos mais extremos, uma fechadura auxiliar é a única solução.

A perambulagem pode se tornar um problema sério e causou muitas mortes na comunidade do autismo.

Em 2016, um menino de 12 anos com autismo, em Orange County, Califórnia, saiu de casa e foi atingido e morto por um caminhão.

Em 2015, um menino de nove anos com autismo saiu de sua casa, no estado norte-americano do Tennessee, e foi atropelado por um trem e morreu.

Esses não são incidentes isolados. De acordo com a National Autism Association, cerca de metade de todas as crianças com autismo perambulam e, em algum momento, tentam escapar da segurança de suas próprias casas.

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2. Criar um ambiente estruturado tendo em mente crianças neurotípicas e crianças com TEA

Todas as crianças são propensas a fazer birras e encenações. Mas, com as crianças no espectro autista, esses rompantes podem ser mais frequentes e imprevisíveis.

Nos piores casos, um colapso pode até envolver violência e agressão em relação aos outros. Em casos extremos como esse, proteger todos na casa torna-se imperativo.

Portanto, é importante ser supervigilante caso haja alguma tendência à agressão e avaliar as reações do seu filho autista quando ele estiver estressado.

Por isso, estar ciente do seu temperamento e da sua raiva é fundamental para a segurança do seu filho com autismo, para os irmãos e cuidadores. Já que lutar de volta pode ser uma reação natural das outras crianças em sua casa. Elas podem ver esse comportamento como permissão para também encenar, uma situação que pode sair rapidamente do controle.

Lidando com os conflitos

Criar uma criança neurotípica e uma criança no espectro autista apresenta alguns desafios únicos. Você não pode sempre ser criterioso sobre a maneira como aplica disciplina.

Quando o seu filho neurotípico bater o pé e gritar sobre como “a vida não é justa”, esse pode ser um bom momento para concordar e lembrá-lo de que os privilégios adicionais dos quais ele desfruta estão acompanhados de algumas expectativas adicionais.

Dessa forma, tomar medidas para evitar um colapso, antes que ocorra, é sempre a melhor opção para você e os seus filhos – neuritípicos e com TEA.

Seu filho precisa e gosta de estrutura. De acordo com o National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NIH), crianças com TEA encontram conforto nos padrões e obtêm uma sensação de segurança por meio de rotinas regulares e ininterruptas.

Sendo assim, ter um horário específico para cada evento diário permitirá que o seu filho se sinta mais relaxado e capaz de lidar com as dificuldades. Dessa forma, mesmo quando as coisas ficarem mais agitadas, ele ficará mais tranquilo.

3. Criar um espaço tranquilo especialmente para o seu filho autista

Quando uma criança com autismo é superestimulada, ela tende a agir de uma maneira ou de outra. Com algumas, isso assume a forma de comportamentos perturbadores e autodestrutivos, como bater a cabeça ou morder e coçar a si mesmas.

Quebras sensoriais fornecerão ao seu filho uma chance de se reagrupar e mudar o foco.

Eventualmente, quando estiverem chateados e for necessário fazer uma pausa, isso não precisa ser feito como uma maneira de punir a criança. Mas, sim, como uma maneira de redirecionar a sua energia e desviar a sua atenção de estímulos externos.

Portanto, a melhor solução é não as colocar em um canto, e sim redirecioná-las para um espaço dedicado que seja só delas. Dessa forma, elas podem desfrutar de um momento de silêncio e solidão, longe dos irmãos e das outras atividades.

Seu dever, portanto, será redirecionar o foco e a energia do seu filho e desviar a atenção dele com um momento de tranquilidade.

Consequentemente isso ajudará a evitar um colapso. Mas também, ao redirecioná-lo consistentemente para um espaço dedicado quando as coisas começarem a ficarem descontroladas acabará mudando a forma como ele reage às situações estressantes.

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Técnica que funciona

Essa é uma técnica experimentada e testada usada na terapia de Análise Comportamental Aplicada. Comportamentos antissociais e autodestrutivos associados ao autismo podem ser corrigidos, especialmente com apoio consistente e contínuo dos pais e cuidadores.

Uma área tranquila e com pouca iluminação, com poucas decorações e sem superfícies duras pode trazer uma sensação de calma.

Almofadas macias, alguns brinquedos e cobertores favoritos são algumas das coisas que você pode usar para criar esse espaço.

Você também pode dar a oportunidade para o seu filho praticar a autonomia ao deixá-lo com seus próprios dispositivos enquanto você mesmo faz uma pequena pausa.

Isso realmente ensinará uma habilidade que ele eventualmente será capaz de usar por conta própria para lidar com situações intensas fora de casa. Criar um espaço projetado com as necessidades emocionais únicas do seu filho pode significar a diferença entre o caos e a paz em sua casa.

4. Perigos domésticos regulares são ainda mais arriscados para crianças com TEA

Sua mesa de café tem bordas afiadas? E quanto a sua bela bancada de granito na cozinha?

Crianças com autismo às vezes têm problemas sensoriais que resultam de uma disfunção do sistema nervoso central.

Propriocepção refere-se às funções dos músculos, das articulações e dos tendões, que permitem que uma pessoa tenha uma consciência da posição do corpo no espaço ao seu redor.

Problemas com propriocepção podem tornar impossível para uma pessoa avaliar onde ela está em relação a, digamos, uma peça de mobília ou uma parede.

Dessa forma, ter dificuldade com propriocepção pode fazer com que alguém seja estabanado. Sendo assim, você já deve ter visto o seu filho autista colidindo com objetos ao acaso. As bancadas, as estantes de livros e a mesa da sala de jantar podem se tornar perigos potenciais, se este for o caso.

Soluções práticas

Consequentemente, a instalação de proteções de borracha é uma solução simples que pode evitar uma visita ao pronto-socorro, e prender móveis altos à parede ajudará a garantir que não caiam, caso o seu filho decida subir no armário antigo da sua avó.

O perigo da água para seu filho autista

A maioria das pessoas é atraída pela água. É por isso que quartos de hotéis com vista para o mar custam mais do que aqueles com vista para a cidade.

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Para uma criança com autismo, a água pode ser um recurso maravilhoso, na circunstância certa, ou pode ser trágica quando algo der errado.

Ao ler qualquer publicação sobre TEA para pais, você encontrará conversas sobre o fascínio dos seus filhos pela água. Talvez seja a sensação reconfortante da água envolvendo o corpo ou o som tranquilizador da água fluindo que cria essa fixação.

As razões não são claras, mas os perigos sim: segundo a National Autism Association, o afogamento é uma das principais causas de morte entre pessoas com autismo.

Usar uma cobertura rígida para a piscina, cercar a área da piscina, adicionar um alarme no portão e colocar uma fechadura com chave poderão soar como um bloqueio completo na diversão. Mas quando você não estiver supervisionando a piscina, essas medidas poderão salvar a vida do seu filho autista.

Você não tem piscina? Isso ajuda. Mas, não ignore a importância de restringir o acesso às torneiras com água quente, fontes, valas de drenagem ou banheiras. Algo que possa parecer inofensivo – como uma torneira de cozinha – pode causar queimaduras para o seu filho.

O banheiro é como um playground para uma criança no espectro autista com uma fixação na água.

Há também o perigo dos secadores de cabelo elétricos e das chapinhas. Se o barulho de um secador de cabelo for demais para o seu filho, mantenha os seus aparelhos fora do alcance dele e coloque uma trava externa na porta do banheiro.

5. Ensinar o seu filho autista a não confiar demais em estranhos

À medida que o seu filho fica mais velho, é provável que ele atenda alguém batendo na porta ou tocando a campainha. Isso pode não ser algo que a maioria das pessoas pense ao considerar a segurança doméstica. Mas para pais de crianças com TEA, isso significa alguns riscos sérios.

Segundo a British Psychological Society, crianças com TEA são muito confiantes. Na verdade, são confiantes até demais. Uma pesquisa descobriu que elas são menos capazes de determinar se uma pessoa pode ser confiável ou não, com base na avaliação das expressões faciais.

A capacidade de identificar as intenções de uma pessoa ao olhar para o seu rosto é uma espécie de julgamento intuitivo. E isso se torna intrínseco para crianças neurotípicas.

Mas sem isso, crianças no espectro autista são muitas vezes incapazes de determinar se uma pessoa pretende lhes fazer mal ou não. Às vezes a pessoa na porta provavelmente é apenas um vizinho. Mas esse não é um risco que você deve correr.

Dessa forma, é importante trabalhar com o seu filho para estabelecer uma melhor conscientização sobre possíveis perigos e protocolos para lidar com estranhos.

Portanto, você deve ensinar o seu filho a identificar em quem ele pode confiar. Isso não apenas o manterá seguro em casa, mas também será algo que lhes ajudará a vida inteira, mesmo na idade adulta, especialmente se continuarem a viver de forma independente.

Espero que, com essas dicas, tenha ficado mais claro sobre como você pode proteger seu filho autista em casa. Caso tenha alguma dúvida, deixe seu comentário. Semelhantemente, se tiver alguma sugestão ou dica, comente também.

Caso queira aprender um pouco mais sobre esses assuntos, continue acompanhando o IEAC e conheça nossos cursos para pais de crianças com autismo.