Currículo funcional: sua importância para uma vida independente

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Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

O tema de hoje é uma análise de um artigo científico muito famoso no meio da Análise do Comportamento que trata sobre o tema da base curricular, em especial o currículo funcional.

Eu posso identificar Saturno, mas não posso escovar meus dentes: O que acontece quando o foco curricular dos alunos com habilidades severas muda, é um texto que ainda não foi traduzido, só é possível encontrar em inglês.  Leia aqui o artigo original.

O tema é sobre o que deve conter em um currículo de ensino para uma criança com déficit intelectual.

Devemos priorizar um currículo baseado em habilidades funcionais? Ou um currículo pensando nos parâmetros acadêmicos da turma em que a criança está inserida?

Diferenças das adaptações curriculares

O currículo funcional, por definição utilizada em Snell & Brown, 2006; Westling & Fox, 2004; é um currículo em que o foco é em melhorar as habilidades atuais e futuras de vida funcional.

O currículo baseado na série padrão tem o objetivo de atender as necessidades da série em que aluno está, que pode lidar ou não com questões de independência funcional.

Por qual caminho seguir?

Antes que cheguemos a uma conclusão, vamos primeiro pensar em algumas pesquisas na área no que diz respeito aos currículos baseados nas séries padrão.

Existem várias pesquisas que nos mostram que os alunos que déficits cognitivos severos conseguem aprender habilidades acadêmicas.

Se você tem interesse em estudar mais sobre o assunto, pode conferir essas literaturas (que está em inglês). As áreas e os estudos para pesquisa:  em leitura (Browder,Wakeman, Spooner, Ahlgrim-Delzell, &Algozzine, 2006); Matemática (Browder, Spooner & Browder, 2007); Ciências (Courtade, Spooner & Browder, 2007).

Portanto, há diversos resultados positivos em pesquisa científica que mostram como tem sido possível ensinar para estas crianças habilidades acadêmicas.

Até mesmo complexas habilidades, como em um estudo de Jimenez, Browder e Courtade (2008) em que foi ensinado a alunos do ensino médio com  déficit intelectual moderado, como resolver equações de álgebra.  

Logo, é possível perceber que mesmo os alunos com necessidades educativas especiais conseguem aprender conteúdos acadêmicos. Mas será que isso é suficiente para que ele possa viver uma boa vida?

currículo funcional

Como isso será útil?

Como essas pesquisas revelam, é possível que esses alunos aprendam.

Mas a pergunta é: essas habilidades serão úteis para que eles se tornem mais independentes e tenham sucesso nas suas vidas?

Vamos pensar agora em nós “neurotípicos” quantas coisas aprendemos na escola que não usamos para absolutamente nada.

Quanto tempo e energia em coisas, que muitas vezes não eram da nossa área de interesse, e que poderíamos ter usado para assuntos de interesse que nós beneficiariam muito mais.

Hoje temos aí as mudanças na Base Curricular que tem justamente este olhar, em priorizarmos aquilo que temos maior afinidade.

Por exemplo, eu sofria horrores com Física, Matemática e Química. Essas são coisas que eu não utilizo hoje, justamente por trabalhar na área de humanas.

Com os alunos que possuem necessidades especiais também funciona da mesma forma. Eles estão constantemente aprendendo coisas que, embora seja importantes, no futuro muitas vezes não serão tão necessárias.

E há uma ênfase muito importante, nesse caso. Porque os alunos com desenvolvimento atípico precisam receber um ensino que vá além do conteúdo acadêmico básico.

É necessário que eles aprendam a desenvolver habilidades básicas para o dia a dia, que lhe deem mais independência.

Mas, quando lotamos a agenda do aluno com atividades acadêmicas complexas, não sobra tempo para poder ensinar essas coisas que são muito importantes para que eles possam ter uma vida mais independente no futuro.

Como deve ser o currículo funcional?

Quais habilidades o currículo funcional deve privilegiar? Vamos pensar com um olhar funcional, do que precisamos ensinar para que esse futuro adulto se torne o mais independente possível?

Existem profissionais que estudam justamente isso e buscam fazer esse levantamento de habilidades que necessitam ser ensinadas.

Existem inclusive Protocolos de Avaliação que fazem o levantamento das habilidades como a AFLS. Já falei dela aqui em em outro post sobre avaliações dentro da Análise do Comportamento Aplicada.

Algumas habilidades para que possamos pensar e refletir:

  1. Habilidades de Consumo – ou seja fazer uso do dinheiro, comprar coisas, passar cartão, usar um caixa eletrônico, enfim tudo que diz respeito a uso do dinheiro. Você sabia que existem estudos em todos estas áreas? Existem pesquisas aí desde, mais ou menos, o final da década de 80;
  2. Habilidades na Comunidade – pesquisas demonstram o ensino de habilidades vocacionais, de vida independente. Por exemplo, a habilidade de atravessar a rua;
  3. Habilidades Domésticas e de Auto-Ajuda – preparar sua própria comida, lavar a roupa, se vestir de maneira apropriada.

É importante que, ao se pensar em um currículo funcional, possa se fazer sempre uma conexão entre a vivência entre o que será relevante para a vida prática da criança com o que é ensinado em contexto pedagógico.

O currículo funcional deve estar visando capacitar o aluno para realizar suas atividades necessárias. Assim, ele conseguirá auxiliar que essa criança cresça e tenha um bom desenvolvimento para realizar tarefas básicas da vida cotidiana, de forma independente.

currículo funcional

A frase que dá início a este texto é de uma mãe em uma reunião de Plano de Ensino Individualizado. Essa mãe disse exatamente isso que o filho identificava Saturno, mas não conseguia pedir algo que queria, se limpar ao ir ao banheiro.

(Lembrando que este artigo que estou falando com vocês é dos Estados Unidos, então contem um sistema educacional diferente).

Uma reflexão do que estamos fazendo, esperando, ensinando aos meninos e meninas com déficit intelectual se faz de extrema necessidade.

Conclusão

Portanto, é preciso que elaboremos um currículo funcional que seja significativo ao aluno. É necessário que ele seja individualizado, para atender as necessidades de cada aluno.

E quando digo aqui aluno, estou falando de habilidades só dentro da escola?

Não!

Digo habilidades que serão os objetivos de ensino em todos os momentos da vida desta criança, que precisará de ensino intensivo. E estes deverão serem os objetivos em todas as intervenções. Pois, o currículo é da criança, não é específico ou não deveria ser objetivos específicos de cada terapeuta.

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