Você já desejou que outras pessoas agissem como analistas do comportamento? Para quem estuda ABA esse é um pensamento recorrente. E, por isso, eu trouxe hoje um texto traduzido do site bSci21 que fala justamente sobre isso.
Eu queria que as pessoas agissem como analistas do comportamento
Quando eu descobri Análise do Comportamento, eu estava muito empolgado. Eu recontava a história em todos os locais. Mas basicamente eu estava entusiasmado que esse grupo de pessoas que eram totalmente articulados em sistemas de pesquisa em todas aquelas coisas que eu pensava sobre.
Eu comecei a contar para minha família, meus amigos tudo o que eu estava aprendendo e como era maravilhoso, e tentando colocá-los a bordo com a minha nova maneira de falar, de olhar o mundo. Mas não funcionou. Amigos brigavam comigo e parentes diziam: “Ah que legal”. Mas de uma maneira que parecia mais: “Ah que bonitinho”.
Então, eu cansado de ser incompreendido e sem estar muito feliz com a minha vida, transferi o curso que eu fazia que era meio período em integral na Universidade de Nevada, para que eu pudesse estar com pessoas que me compreendiam. E juntos nós conspirávamos em como fazer os outros nós compreender, e reclamávamos que eles não nós entendiam.
Sob esse olhar, aquelas conversas ainda ocorriam. O que podemos fazer para fazer os outros nos compreenderem? E não é terrível que eles não compreendam?
Entendendo por uma visão diferente
Mas eu parei de participar e tem algumas razões para isso. Primeiro, eu não acho que isso não irá funcionar. Explicar sem apontar meus pensamentos e sentimentos como causa, eu diria: “Meu comportamento foi colocado em extinção”. Segundo, é que eu estou menos convicto de que o que importa é de fato que as pessoas vejam ou não as coisas.
Por exemplo: um engenheiro tem uma visão do mundo muito diferente de mim. E eu não tenho dúvidas que quando ele olha para o mundo e as pessoas nele, ele tem um modo de entender as coisas que eu mal poderia compreender.
Entretanto não ter entendimento sobre estas coisas, não me impede de usar as coisas maravilhosas criadas pelos engenheiros.
Na verdade eles fizeram um trabalho maravilhoso em construí-lo para que uma pessoa sem qualquer entendimento da ciência por trás possa usar efetivamente. Assim sou capaz de digitar e milagrosamente tudo aparece na tela. Não há nenhuma conexão mecânica entre o teclado. Eu estou usando a tela e as palavras aparecem. Maravilhoso!!!
As pessoas não precisam pensar como analistas do comportamento
Graças aos inventores e engenheiros que fizeram isso possível. Eles não pensaram que seria importante que eu visse as coisas bem antes de serem construídas, que me permitissem fazer isso. Eles só estavam interessados em fazer a tecnologia acessível para que eu pudesse fazer aquilo que eu quisesse.
Eu acho que nós poderíamos provavelmente aprender uma lição com eles. Com isso em mente, aqui estão algumas práticas que eu penso que poderiam fazer a diferença em fazer as pessoas adotarem práticas e começar a aplicar isso para a solução de alguns problemas do mundo.
Planeje o uso da linguagem
Eu penso que se eu não fosse um analista do comportamento e eu ficasse ouvindo um monte de analistas do comportamento conversando, eu pensaria: “Que monte de estranhos”.
Do lado de fora, nós – analistas do comportamento – falamos coisas muito estranhas, de forma muito complicada.
Eu estava conversando com uma amiga um dias desses e ela disse: “Meu cachorro pulou na mesa para ter acesso a um comestível”. Esse é um modo interessante e complicado de dizer: “ele pegou a comida”. Mas, para pessoas que não são analistas do comportamento (quase todo mundo), é uma forma muito confusa de dizer as coisas.
Nós, analistas do comportamento, usamos uma linguagem que é confusa. E eu penso que eles se sentem “burros” perto de nós, consequentemente isso afasta as pessoas. Mas nós deveríamos procurar fazer com que as pessoas se sentam espertas perto de nós.
Estratégias prática para analistas do comportamento
Uma coisa que faço em treinamentos é: quando eu falo sobre reforço positivo e negativo, eu digo “vamos deixar esses termos de lado”. Eles me confundem de vez em quando. Então, ao invés de falar sobre reforço positivo e negativo, nós vamos falar sobre porque fazemos as coisas em termos de conseguir algo ,ou nós livramos de algo, ou prevenirmos algo.
O que acontece quando faço isso é que eu consigo que as pessoas embarquem comigo. E, assim, comecem a olhar para as consequências que mantém o comportamento. Desse modo, eles começam a se divertir fazendo isso. E aí eles começam a ficar mais interessados em dar o próximo passo e começam a aprender os termos técnicos dos analistas do comportamento.
Validar outras perspectivas
Isso é algo em que somos resistentes.
O natural para nós quando temos acesso a um sistema de pensamento tão poderoso e útil é pensarmos que estamos certos.
E aí chega alguém que tem um modo diferente de olhar e é muito fácil começarmos a argumentar quem está certo. E eu não quero entrar nessa de: “por que isso acontece?”, mas há uma tendência natural e humana de ver que o “meu ponto de vista” no modo como eu sou, e aí nós sentimos ameaçados por pontos de vista diferentes. E aí nós iremos discutir, sobre quem está correto, e arrancar os olhos do outro querendo mostrar nosso ponto de vista.
Respeito e compreensão
Mas o que nós esquecemos é que nossa forma de ver o mundo é somente um monte de comportamento. Assim como a forma dos outros de ver o mundo é só um monte de comportamento.
Desde que cada um é produto de suas contingências de reforço e num certo ponto todos os pontos de vista são 100% válidos. Afinal de contas, não há nada certo ou errado nas suas contingências de reforço, elas estão simplesmente (assumindo que as contingências de reforço te levaram a ver o mundo sob esta perspectiva).
Portanto, deixe as pessoas terem a perspectivas delas.
Eu geralmente começo meus treinamentos com uma frase assertiva, que nada do que eu estou dizendo é a verdade mais difícil e rápida. Mas é um modo de ver as coisas que pode ser útil em te tornar um líder melhor.
Então, quando entramos nas causas do comportamento, as pessoas invariavelmente trazem sua personalidade, hereditariedade, pensamentos e sentimentos como possíveis causas. E quando isso aparece eu digo: “Claro, isso é válido”.
Existem muitas pesquisas interessantes explorando estes aspectos. Mas como líder, você não tem controle sobre a personalidade, ou ambiente dos seus liderados. Na minha experiência, quando eu valido a perspectiva do outro, e eu ilustro para eles porque nós tomamos determinada perspectiva, eles estão bem propensos a embarcar comigo e brincar com os conceitos.
Veja as coisas do jeito dos outros
Essa pode ser a mais difícil de todas.
Se você está numa reunião para discutir o plano de ensino individualizado de uma criança ou adolescente, o que é muito fácil de esquecer é que todos os que estão lá querem o mesmo: O que é melhor para o seu aluno/paciente.
Vocês podem discordar sobre o que é melhor para ele. E quando vocês discordarem, pode começar a parecer que a pessoa que está sentada na sua frente não está muito interessada no que é melhor para o seu aluno/paciente.
Afinal de contas, a sua abordagem é a melhor! Você tem anos de treinamento! Você tem muitos dados e um monte de gente muito inteligente te dizendo que você é o melhor!
Voltando ao ponto anterior, contingências de reforçamento, te dizem que você está correto. Somente um monstro discordaria de você!
Como reagir quando não concordam com você
Mas não.
Lembre-se, a pessoa discordando de você não é um monstro. Elas são pessoas operando do único jeito que a sua história permite fazer. Se você abrir mão da sua opinião de formas certas e erradas de acessar o reforçador, o que você irá descobrir é que vocês dois estão atrás do mesmo reforçador – o que é melhor para o seu aluno/paciente.
Se você começar com a ideia de que eles estão de fato trabalhando para o que é melhor para os interesses do seu aluno/paciente, e se manter lembrando disso, isso deverá te munir de argumentos para que você possa se comunicar de maneira mais efetiva.
Além do mais, deixar eles saberem que você consegue ver o quanto eles estão se comprometendo para fazer o melhor. Ter ciência e apreciar o compromisso deles irá permitir a eles ter uma liberdade para também ver as coisas sob outra perspectiva.
Minha experiência
O meu exemplo pessoal favorito sobre isso aconteceu enquanto eu estava buscando votos em Nevada durante a eleição de 2008. E no período de eleições você tem anúncios para todos os lados, na rua, no telefone, no e-mail, pessoas batendo na sua porta. É exaustivo e realmente é algo que acaba testando a paciência das pessoas.
E era com isso que eu estava lidando. Eu estava andando por um complexo de apartamentos e encontrei com três mulheres e uma imediatamente já olhou pra mim e disse: “NÃO! VÁ EMBORA! VOCÊS JÁ VIERAM AQUI TRÊS VEZES HOJE, NÓS JÁ ESTAMOS CANSADOS DE VOCÊS, SAIAM DAQUI”. E eu fui embora.
Enquanto eu ia embora, eu olhei para 12 nomes na minha lista de pessoas que moravam neste complexo e pensei o que eu iria dizer ao gerente da campanha ao qual eu dei minha palavra que eu bateria na porta da casa das pessoas pedindo votos.
Eu precisava fazer aquilo
Eu respirei fundo e voltei para o complexo. Enquanto eu voltava, a mesma mulher veio na minha direção e eu disse: “Olha eu sei que isso é chato, que você está se sentindo bombardeada e eu realmente aprecio que você está tomando conta de todos aqui”, e eu disse que eu iria bater na porta das pessoas e conversar com elas.
Assim o seu comportamento mudou imediatamente. Os seus ombros relaxaram e ela disse: “Certo, quem está na sua lista?”.
Enquanto eu falava os nomes, ela foi me dizendo quem estava em casa, quem não estava, e na porta de quem eu não deveria bater naquela hora. E quando eu cheguei no nome dela, ela respondeu as minhas perguntas e me agradeceu.
Ela acabou me economizando muito tempo. E nesse momento eu percebi que nós dois estávamos lutando pelos mesmos interesses: os interesses das pessoas que moravam naquele complexo.
Não perca de vista o que é importante
Nada disso quer dizer que você deve parar de ser um analista do comportamento.
Apesar de eu pensar que não é preciso confundir as pessoas com termos como “reforço positivo ou negativo”, “comestíveis e tangíveis”, e a “função do comportamento”. Existem coisas que se você deixar pra lá, serão muito mais positivas para a ciência do comportamento. Coisas como confiar nos dados, basear as decisões nos dados, nosso compromissos com a eficácia do tratamento e falar sobre comportamentos socialmente significativos. (Desculpe se não mencionei seu favorito!)
E acho (e espero que o tempo mostre) que se nós como analistas do comportamento ficarmos menos preocupados com as pessoas falarem como nós e pensarem como nós, e mais preocupados em que eles adotem nossas práticas, nós ainda assim teremos êxito em construir um mundo de funcione de verdade.”
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Esse post é uma tradução de texto do site bSci21.