5 Aclamados artistas plásticos com autismo que você precisa conhecer

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Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

Geralmente, não atribuímos características positivas como talentoso, prodígio ou gênio às pessoas com autismo. Mas há muitas pessoas com TEA (Transtornos do Espectro Autista) que demonstraram talentos e habilidades incríveis em muitas áreas. Inclusive, há muitos artistas plásticos com autismo!

Ao longo da história, existiram artistas aclamados que eram suspeitos de ter TEA, e muitos querem vinculá-los a isso.

É claro que não podemos provar que isso era verdade, devido ao fato de ser uma desordem desconhecida até a década de 1940. Mas, ainda assim, alguns dos sinais estavam lá e é divertido pensar na possibilidade.

Por exemplo, há rumores de que Michelangelo possa ter tido autismo. E ele é um dos artistas mais influentes do período Renascentista. Sendo responsável por obras geniais, incluindo o afresco no teto da Capela Sistina, um projeto que levou quatro anos para ser completado.

Foram a fixação e a obsessão, frequentemente associadas ao autismo, que permitiram que ele trabalhasse por tantos anos em um projeto? Não podemos ter certeza. Mas especialistas da medicina moderna determinaram que é uma possibilidade real.

Mas, e hoje? Existem outros artistas plásticos com autismo que exibem tais talentos e que foram realmente diagnosticados?

Talvez nunca haja outro Michelangelo. Mas certamente há artistas com TEA que possuem dons extraordinários. Abaixo, estão cinco artistas plásticos com autismo e cada um incrível da sua maneira.

Conheça a história de 5 artistas plásticos com autismo

artistas plásticos com autismo

1. Stephen Wiltshire

Nascido no Reino Unido, Stephen foi diagnosticado com autismo no final dos anos 1970. Essa era uma época em que especialistas médicos ainda estavam desenvolvendo o conceito de TEA.

Os pais de Stephen o matricularam em uma escola especial na esperança de que ele, eventualmente, aprendesse a falar, ler e escrever.

Desde o nascimento, Stephen nunca disse uma palavra. Então, certo dia, no jardim de infância, ele disse “papel” e depois “caneta”. Seu professor os entregou a ele. E, como que por um destino divino, ele começou a desenhar cenas de uma excursão que havia feito recentemente com seus colegas de classe.

Desde aquele dia, a sua capacidade de absorver vastas paisagens urbanas complicadas e transferi-las para o papel cresceu a tal ponto que ele ganhou o título de “câmera humana”.

Ele é conhecido por poder fazer um voo de helicóptero de vinte minutos sobre uma grande cidade e voltar ao seu estúdio para desenhar, usando a sua memória para incluir detalhes intrincados do panorama da cidade em estilo altamente realista.

2. Peter Howson

Nascido em Londres, em 1958, e criado na Escócia, Peter completou o seu primeiro trabalho aos seis anos de idade, quando pintou uma cena da crucificação de Cristo.

Sua carreira artística começou cedo, especializando-se em pintura após sair da escola de arte. Sua fama aumentou quando a BBC fez um documentário sobre a sua vida com base no seu trabalho extraordinário, em justaposição ao seu autismo.

Ele também foi escolhido como o artista oficial de guerra britânico na Guerra Civil da Bósnia, em 1993, e projetou um selo postal, em 1998.

Nos últimos anos, após ser diagnosticado com a síndrome de Asperger, Peter tornou-se um forte defensor público da conscientização do autismo em toda a Escócia e no Reino Unido.

Em uma entrevista em vídeo, ele afirmou que “as pessoas entendem a deficiência – deficiência física -, mas que o autismo é algo que realmente levou muito tempo para o público entender”.

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3. Nadia Chomyn

Nadia nasceu na Inglaterra, em 1967. Desde o início, os seus pais sabiam que algo estava errado. Ela era uma criança muito passiva, que apresentou atrasos no desenvolvimento. Ela era indiferente e reservada e, eventualmente, foi diagnosticada com autismo.

Aos três anos de idade, algo incomum começou a acontecer. Durante um período em que ela não conseguia se alimentar ou se vestir sozinha, ela começou a desenhar nas paredes de casa. Não que uma criança desenhando nas paredes fosse incomum, mas o trabalho em si era excepcional.

Não eram os rabiscos típicos e cabeças circulares com olhos gigantes e braços de palito saindo pelos lados. Mas, sim, desenhos precisos, proporcionais e com a perspectiva na medida certa de carrosséis e cavalos – imagens inspiradas em seus livros ilustrados.

Entre os três e os nove anos de idade, Nadia desenhou em centenas de pedaços de papéis, incluindo recibos de supermercados, restos de papéis e páginas de cadernos. O Museu da Mente de Belém, no Reino Unido, possui mais de 200 obras.

Seu talento, juntamente com a sua falta de desenvolvimento físico e baixa capacidade intelectual, chamou a atenção de Walter Cronkite, um apresentador de renome mundial na época.

Ele viajou para a Inglaterra para fazer um filme sobre a Nadia. Ela também foi tema de vários artigos e livros, incluindo o livro do psiquiatra Oliver Sacks, Classic Cases in Neuropsychology (Casos Clássicos em Neuropsicologia), volume 2.

Depois dos nove anos, a sua capacidade de desenhar regrediu e ela misteriosamente a perdeu. Seu caso tem sido objeto de muitos estudos e referenciado em livros de psicologia moderna. Nadia viveu uma vida tranquila em uma casa de repouso até a sua morte, em 2015. 

4. Henriett Seth F.

Henriett nasceu na Hungria, nos anos 80, quando o país estava à beira de uma grande mudança política.

A vida era difícil para qualquer criança, durante esse período, já que o cotidiano significava procurar (ou esperar em longas filas por) itens essenciais diários, como comida e água.

Mas, para a criança com necessidades especiais, era particularmente ainda mais difícil. Poucas pessoas podiam ter carros, de modo que caminhar ou andar de transporte público era o meio mais comum. O atendimento médico foi severamente limitado, portanto, o tratamento para uma criança com TEA era improvável.

No entanto, a partir dessa sociedade desmoronada, surgiu uma artista superdotada autista que escreveu poesias premiadas e criou obras notáveis ​​de arte.

Ela tem sido conhecida como “Rain Girl”. Isso devido a algumas notáveis ​​semelhanças com a personagem do filme Rain Man.

Apesar dos seus problemas de comunicação e da incapacidade de fazer contato visual, Henriett tinha um QI de 140. Sendo assim, oficialmente superdotada.

Ela foi recusada na escola primária devido as suas deficiências. Muitas crianças na mesma situação, naquele tempo, foram internadas.

Ela superou a dificuldade educacional e passou a frequentar a faculdade por um tempo. Especializou-se em pintura e criou trabalhos premiados em inúmeras galerias. Além da sua capacidade de criar arte visual, ela é uma talentosa poetisa, música e escritora.

Ela é, provavelmente, mais conhecida por seu livro, Closed Into Myself (Fechada em Mim Mesma), uma história pessoal de sua vida com autismo.

5. Gilles Tréhin

Gilles nasceu na França, em 1972, e é autista. Aos cinco anos de idade, quando outras crianças desenhavam pessoas feitas com linhas tortas, Gilles desenhava trabalhos tridimensionais realistas.

Ao crescer, teve dificuldades com a fala, foi ecolálico e não brincava com as outras crianças.

Ele também era extremamente sensível aos sons altos, como trovões durante as tempestades, balões estourando ou, até mesmo, o som de um chicote. Ele tinha uma obsessão particular com números de telefone, montanhas, edifícios e aviões (a primeira palavra que falou foi “avião”).

Sua mãe disse:

“A partir de 15 meses, soube que ele era diferente. Mas tanto Paul (pai de Gilles) quanto eu, antes mesmo do nascimento de Gilles, gostávamos de pessoas com mentes diferentes. Então, sempre tentamos ver os pontos positivos de Gilles e ajudá-lo a tirar o máximo proveito deles”.

Deve ter sido esse incentivo dos pais que ajudou Gilles a desenvolver uma capacidade tão excepcional de imaginar e desenhar o que ele chama de Urville, uma cidade imaginária em uma ilha fora da Costa Azul, na França.

O começo

Tudo teve início quando ele começou a construir uma cidade com as peças do seu brinquedo Lego. Para complementar o seu aeroporto, mas, percebendo as limitações físicas do Lego, então ele começou a desenhar. E, desde então, ele passou a desenhar durante dez horas por dia, há mais de vinte anos.

O trabalho de Gilles é realista e desenhado na perspectiva correta. Seus desenhos foram comparados aos de Stephen Wiltshire, com uma exceção: todos os edifícios de Gilles vêm da sua imaginação.

Da sua mente, ele criou a maior cidade da Europa. Incluindo a narração de uma história detalhada sobre a cidade que remonta à Revolução Francesa. Sua cidade é agora o tema de um livro, Urville, escrito por Gilles, com centenas de suas ilustrações.

A National Geographic afirmou que “a medida mais verdadeira do gênio é se o trabalho de uma pessoa ressoa através das eras”.

Embora Michelangelo tenha sido chamado de gênio e o seu trabalho ainda tenha um significado especial, esses cinco artistas plásticos com autismo poderão ou não resistir ao teste do tempo. Mas, os seus talentos são certamente extraordinários e surpreenderiam qualquer um que tivesse a chance de apreciar os seus trabalhos.

Falar sobre artistas plásticos com autismo é muito interessante. Poucas pessoas sabem das habilidades que crianças autistas podem desenvolver. Portanto, compartilhar esse tipo de conhecimento é útil para poder acabar com preconceitos.

Caso você conheça alguma história interessante ou saiba de outros artistas plásticos com autismo que não citamos aqui, deixe seu comentário!