A relação entre o TDAH e TEA

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Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

O transtorno do espectro do autismo atualmente inclui a Síndrome de Asperger ou Transtorno Invasivo do Desenvolvimento – Sem Outra Especificação, aos quais afetam as habilidades sociais e emocionais de uma pessoa e a comunicação não verbal. Entre o TDAH e TEA há muitas semelhanças, mas também existem diferenças. 

Uma pessoa pode ser diagnosticada com TDAH e TEA? 

Mais da metade de todos os indivíduos que foram diagnosticados com TEA apresentam sinais de TDAH. Na verdade, o TDAH é a condição coexistente mais comum em crianças com TEA.

Por outro lado, até um quarto das crianças com TDAH apresentam sinais de TEA, o que pode incluir dificuldade com habilidades sociais ou sensoriais, por exemplo. 

Por que o TDAH e TEA coexistem com tanta frequência e quais são as semelhanças entre eles? 

Tanto o TDAH quanto o TEA são transtornos do neurodesenvolvimento com comprometimentos no sistema nervoso central, que é responsável pelo movimento, linguagem, memória, habilidades sociais e de foco. Vários estudos científicos mostraram que as duas condições geralmente coexistem, mas os pesquisadores ainda não descobriram as razões. 

Com TDAH o desenvolvimento do cérebro foi afetado de alguma forma. Mais importante, isso inclui o funcionamento executivo do cérebro, responsável pela tomada de decisões, controle de impulsos, gerenciamento de tempo, foco e habilidades de organização.

Para muitas crianças as habilidades sociais também são afetadas. Tanto o TDAH quanto o TEA são mais comuns em meninos. 

Quais são as diferenças entre TDAH e TEA? 

Muitas crianças são diagnosticadas com TDAH pela primeira vez na época em que começam a frequentar a escola, porque seu comportamento contrasta com o de seus colegas de classe. O TDAH pode fazer com que as crianças fiquem inquietas o tempo todo, ajam impulsivamente e tenham dificuldade em prestar atenção.

Mas algumas crianças com TDAH têm sinais diferentes, concentrando toda a atenção em um brinquedo, por exemplo, e não querendo brincar com mais nada. 

Para algumas crianças com TEA os sinais são perceptíveis antes de atingirem o segundo aniversário. Para outros, os sinais de TEA podem não ser claros até que estejam em idade escolar e seus comportamentos sociais sejam notoriamente diferentes dos de seus colegas de classe.

As crianças com TEA geralmente evitam o contato visual e não parecem interessadas em brincar ou interagir com outras pessoas. Sua capacidade de falar pode se desenvolver lentamente ou não se desenvolver. Eles podem estar preocupados com a mesmice nas texturas dos alimentos ou em fazer movimentos repetitivos, especialmente com as mãos e os dedos. 

Comportamentos específicos de TDAH e TEA! 

Muitas vezes, as crianças com TDAH têm dificuldade em se concentrar em uma atividade, e quando estão envolvidas em suas atividades diárias podem ser facilmente distraídas. É um desafio concluir uma tarefa antes de pular para outra, e muitas vezes são fisicamente incapazes de ficar paradas.

Mas algumas crianças com TDAH podem estar tão interessadas em um tópico ou atividade que se fixam nele ou hiperfocam. Embora o foco em uma coisa possa ser positivo, isso pode significar que as crianças têm dificuldade em direcionar sua atenção para outras atividades quando solicitadas. 

As crianças com TEA são mais propensas a serem excessivamente focadas, incapazes de desviar sua atenção para a próxima tarefa. Muitas vezes são inflexíveis quando se trata de suas rotinas, com baixa tolerância a mudanças.

Isso pode significar seguir o mesmo caminho e comer as mesmas coisas todos os dias. Muitos são altamente sensíveis ou insensíveis à luz, ruído, toque, dor, cheiro e ou sabor ou têm um forte interesse por eles. Seu foco intenso significa que as pessoas com TEA geralmente são capazes de se lembrar de fatos detalhados por um longo tempo e podem ser bons em matemática, ciências, arte e música. 

Visão geral do tratamento! 

Os melhores profissionais para alguém que foi diagnosticado com TDAH e TEA devem ter experiência no tratamento de ambas as condições. 

O tratamento para o TDAH geralmente inclui medicamentos. Por outro lado, como as opções de medicamentos para TEA ainda são limitadas, crianças com TEA podem responder melhor a alternativas não medicamentosas, como a terapia ABA.

A terapia comportamental vai ajudar a controlar os sintomas e no treinamento de habilidades para lidar com a vida diária. Para uma criança com TEA, prestar atenção à alimentação é fundamental, pois a restrição alimentar baseada no sensorial pode resultar em lacunas nutricionais. Para alguém com TDAH, medicamentos estimulantes podem causar perda de apetite. 

Especificamente sobre o uso de medicamentos! 

Embora os sintomas do TDAH normalmente respondam bem aos medicamentos habitualmente prescritos, os sintomas do TEA nem tanto. Os sintomas do TEA que geralmente se sobrepõem ao TDAH, como hiperatividade, impulsividade e desatenção, podem responder aos medicamentos usados ​​para tratar o TDAH. Medicamentos antipsicóticos para tratar TEA, em constante evolução, costuma agir bem na irritabilidade, agressividade e automutilação. 

A medicação frequentemente faz parte do plano de tratamento para as crianças com TDAH, porque ajuda a reduzir alguns dos principais sintomas, incluindo hiperatividade e impulsividade. Os medicamentos mais comumente prescritos são metilfenidato (Ritalin, Concerta, Metadate, Quillivant), anfetamina (Adderall, Dexedrine, Vyvanse, Dyanavel), atomoxetina (Strattera) e guanfacina (Intuniv, Tenex). No entanto, quando são usados ​​para tratar pacientes com TDAH e TEA, os estimulantes – metilfenidato e anfetamina – parecem menos eficazes e causam mais efeitos colaterais, incluindo retraimento social, depressão e irritabilidade, do que quando são usados ​​apenas para tratar o TDAH. 

Sobre o uso de medicação procure sempre um médico! 

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Referências: 
  • Research Units on Pediatric Psychopharmacology (RUPP) Autism Network. (2005). Randomized, Controlled, Crossover Trial of Methylphenidate in Pervasive Developmental Disorders with Hyperactivity.  Archives of General Psychiatry, 62(11):1266-1274. 
  • Handen, B.L. et al. (2015). Atomoxetine, Parent Training, and Their Combination in Children with Autism Spectrum Disorder and Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder.  Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 54(11), 905-915. 
  • The MTA Cooperative Group. (Dec 1999). A 14-Month Randomized Clinical Trial of Treatment Strategies for Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder.  Archives of General Psychiatry, 56(12):1073-1086. 
  • Research Units on Pediatric Psychopharmacology (RUPP) Autism Network.  (2002). Randomized clinical trial of risperidone for irritability in autism.  New England Journal of Medicine, 347(5):314-321. 
  • Rommelse, Nanda et al. (May 2018). Differentiating between ADHD and ASD in childhood: some directions for practitioners. European Child & Adolescent Psychiatry, pp 1–3.