Falar sobre a psicopedagogia e a análise do comportamento pode ser um tanto polêmico. Mas, muitas pessoas têm dúvidas sobre:
- o que essas duas áreas estudam?
- elas são semelhantes?
- quais suas diferenças?
- como atuam?
- qual delas podem me ajudar?
Por isso, eu resolvi escrever esse texto para ajudar a esclarecer algumas dúvidas sobre a relação dessas duas áreas.
Psicopedagogia e análise do comportamento são muito diferentes!
De fato, eu poderia até mesmo dizer que elas são água e óleo. Ou seja, não se misturam! Para isso, vamos pegar o conceito da Nádia Bossa no livro: A Psicopedagogia no Brasil – As contribuições a partir da prática:
“A Psicopedagogia é tomada como um corpo de conhecimentos, construído com vistas a encontrar soluções para os problemas da aprendizagem, em uma aplicação que, além da clínica, se quer também preventiva. Área recente multidisciplinar, é eminentemente prática, sem deixar de ser, simultaneamente, campo de investigação, ainda saber científico.”
Vamos pensar agora sobre as bases teóricas da Psicopedagogia, com o seu corpo teórico. Para isso vou usar a mesma obra citada acima da autora Nádia Bossa quando a autora traz que:
“…área recente de conhecimento que recorre a contribuições da Psicologia, da Psicanálise, da Pedagogia, da Filosofia, da Linguística e da Neurologia…”
Se você é analista do comportamento você deve saber que a psicanálise está em um campo completamente diferente da análise do comportamento.
Diferenças entre as áreas
Quando falamos em Análise do Comportamento, essa ciência que busca estudar e compreender o comportamento. Portanto, ela possui uma filosofia que se chama Behavorismo Radical. O precursor dessa filosofia foi Skinner, por isso ele é considerado o pai da Análise do Comportamento.
Agora vamos pensar na Psicanálise e para isso vamos recorrer a blog de colegas para falar sobre isso. Conceito tirado do Blog PsicoAtivo, a qual eles já fazem a diferença entre Behavorismo e Psicanálise:
“Behavioristas dão destaque para o comportamento externo dos indivíduos e acreditam que o comportamento é uma resposta a estímulos externos. Por outro lado, a psicanálise enfatiza a centralidade da mente humana. Eles acreditam que o inconsciente tem o potencial para motivar o comportamento. Esta é a principal diferença entre Psicanálise e Behaviorismo. Este artigo tenta fornecer uma compreensão mais ampla destas duas escolas, enfatizando as diferenças.”
Claro que estes são temas muito complexos, mas aqui buscamos simplificar. Não para reduzir a complexidade do tema e da discussão , mas para alcançar nosso objetivo de falar sobre temas que muitas vezes não são falados dando um norte para que cada um caso queira possa se aprofundar.
Os objetos de estudo
Voltando para a psicopedagogia, vamos pensar agora no seu objeto de estudo, ainda com a autora Nádia Bossa, que cita Neves:
“a Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhes são implícitos.”
Mas, falando sobre ABA, vamos conceituar ABA de acordo com o conceito de Cooper, Heron, e Heward no Livro Applied Behavior Analysis – 2 edição:
“Análise do comportamento Aplicada é uma ciência dedicada a entender e melhorar o comportamento humano.”
“Análise do Comportamento Aplicada tem como foco objetivo comportamentos que tenham relevância social; ela intervém para melhorar comportamentos sob estudo enquanto demonstra uma relação confiável entre a intervenção e a melhora no comportamento; e nela são usados métodos científicos, onde há: descrição do objetivo, quantificação, e controle experimental. Resumindo Análise do Comportamento é uma abordagem científica para descobrir como variáveis ambientais podem ter influência em comportamento social significativo e para desenvolver tecnologia para mudança de comportamento que traga vantagens práticas para estas descobertas”.
Agora volta lá em cima relê novamente como cada uma olha para a aprendizagem, para o sujeito. Mas antes vamos pensar no conceito de comportamento para que tudo possa fazer mais sentido.
Conclusão
Então, vamos ao conceito de Jonhston & Pennypacker, trazido no livro Applied Behavior Analysis:
“O comportamento de um organismo é a porção de interação com o ambiente, que é caracterizada por uma mudança no espaço pelo tempo em alguma parte do organismo e que resulta numa mudança mensurável em pelo menos um aspecto do ambiente”.
“Comportamento não é uma propriedade ou atributo do organismo. Só acontece quando há uma condição interativa entre o organismo e o que o cerca, o que inclui seu próprio corpo. Isso significa que estados independentes do organismo, sejam eles reais ou hipotéticos não são eventos comportamentais, pois não há interatividade no processo. Estar ansioso ou com fome são exemplos de estados que ás vezes são confundidos com o comportamento que eles são presumíveis de explicar. Nenhuma frase específica um agente ambiental em que a fome ou ansiedade do organismo interage, portanto não é um comportamento”.
Portanto, análise do comportamento e psicopedagogia têm visões completamente diferentes da educação e do processo de aprendizagem. Logo, terão maneiras de trabalhar totalmente distintas. Pois, elas possuem bases teóricas totalmente diferentes. Mas também antagônicas!
Minha experiência com a formação em psicopedagogia
Quando tive o diagnóstico do meu filho, em 2014, fui estudar mais a fundo sobre o autismo e, claro, sobre a ABA, o método, a terapia e etc. Em meio dessas pesquisas, eu cheguei a conclusão que fazer uma pós em psicopedagogia poderia ajudar. Nessa época, eu não tinha clareza sobre o que queria estudar, o que precisava estudar, nem o que seria melhor para meu filho.
Depois, à medida que eu fui estudando ABA, fazendo cursos, formações, e estudando a psicopedagogia eu vi que eu não me identificava com a psicopedagogia. Pois, aquilo não fazia sentido pra mim, eu não concordava com aquela forma de ver as coisas.
Em contrapartida, eu fui me apaixonando pela ABA. Então, entrei de cabeça, até entrar na Pós Graduação e no Mestrado na UNB.
Psicopedagogia ou ABA?
A minha opinião é: a ABA funciona. Ela dá resultado, é prática e é baseada em evidências científicas. Mas, para você que quer seguir uma carreira, o meu conselho é que estude, invista no conhecimento para entender os lados e seguir aquilo que faz sentido para você.
Você quer aprender mais sobre ABA? Então está no lugar certo. Depois de tantos estudos, eu desenvolvi diversos cursos e formações na área da Análise do Comportamento.