O artigo de hoje aqui do blog do IEAC é um pouco diferente. Nele, falaremos um pouco sobre a minha experiência. Pois, além de ser Analista do Comportamento, também sou mãe de uma criança com autismo e tenho muito a compartilhar sobre o tema.
A ideia deste artigo é compartilhar com vocês o ponto de vista dos pais de crianças com desenvolvimento atípico.
A discussão vai ser acerca da esperança que desponta no início do período de férias, sobre maternidade e sobre as expectativas dos pais em relação aos filhos.
Tudo isso relacionado ao trabalho com crianças com desenvolvimento atípico em função de um quadro de autismo.
Viagem de férias com criança com autismo
Nas férias, eu e a família costumamos viajar para a cidade de Cabo Frio, onde minha sogra vive. Eu, meus filhos e meu marido, costumamos passar uns dias lá.
Os meus filhos já se acostumaram com a rotina de realizar essa viagem nos períodos de férias desde que nasceram.
Meu filho mais velho, que é uma criança com autismo, fez a viagem pela primeira vez quando tinha um ano de idade. Ele ficou bem na praia e gostou do ambiente, mesmo que tenha ficado um pouco desconfiado.
Cada uma das vezes que realizaram a viagem, o meu filho reagiu de uma forma diferente.
Uma viagem frustrante
Na viagem realizada ao final do ano de 2016, esse meu filho deu um pouco mais de trabalho. Não aceitava ficar na praia e não queria se envolver nos passeios com a família.
Geralmente, a viagem é realizada no carro da família. E juntos, realizamos algumas paradas no caminho. E, mesmo nas paradas, ele já demonstrava que não estava bem-disposto.
Ao chegar a Cabo Frio, ele só demonstrava desejo de ir ao shopping e comprar as coisas que queria.
Essa foi uma viagem difícil. E eu e meu marido voltaram para casa muito cansados.
É comum que pais se cansem em viagens com os filhos, entretanto, pais de crianças com necessidades especiais, como no caso de criança com autismo, acabam vivendo uma dose de exaustão extra.
Isso porque a criança com necessidades especiais devido a algum atraso no desenvolvimento possui demandas que muitas vezes acabam por desgastar mais os pais.
No caso do autismo, que ocasiona em um comprometimento sério da linguagem, o fator impede que a criança relate aos pais o que elas estão sentindo, o que pensam e o que está causando incômodo para elas.
Dessa forma, os pais precisam de cuidado redobrado e investigar o que pode estar deixando a criança desconfortável.
Sendo assim, a viagem acabou sendo muito cansativa e muito frustrante em alguns aspectos. E isso aconteceu mesmo quando eu não buscava criar expectativas muito altas.
Eu e o meu marido, que é alguém que gosta muito de praia e gostaria que os filhos compartilhassem de momentos assim com ele, acabamos nos sentindo mal com a situação.
Como lidar com o problema
Já na viagem de férias do ano seguinte, em janeiro de 2017, ao realizar a mesma viajem, eu e meu esposo decidimos fazer algo diferente.
O filho com autismo passou a ser avisado sobre o que ia acontecer com antecedência.
Antes de cada parada, ele era avisado e os pais mostravam a ele uma fotografia do local onde iam. Dessa forma, preparam a criança para o que estava por vir de uma maneira visual para que ele pudesse se sentir mais confortável.
Além disso, a criança era questionada se ela queria ir até aquele local. Tendo em vista que ele já está em uma idade onde é capaz de entender o que quer e o que não quer fazer.
Outra estratégia usada foi a de parear os estímulos. Foi colocado junto a coisas que a criança já gosta, outras que seriam neutras para o menino e outras das quais ele não gosta.
Dessa forma, aquilo que ele não gosta ou que fosse neutro passasse a ser algo que ele goste.
Isso porque crianças com autismo costumam responder bem a esse tipo de intervenção.
Os benefícios dessas estratégias
Para mim, usar essas estratégias deu muito certo e fez toda a diferença. E essa viagem foi muito mais agradável para toda a família do que havia sido a anterior.
A criança conseguiu participar de passeios com a família, andou de caiaque e de pedalinho e passou a se sentir muito mais confortável na praia.
Não é só o fato de avisar ao meu filho com antecedência sobre tudo que ia acontecer na viagem que tornou as coisas diferentes.
Há uma série de fatores que interferem na forma como uma criança com autismo se comporta em cada contexto.
A criança amadureceu entre um ano e o outro. Nós, como pais, também amadurecemos no decorrer do tempo e aprendem a lidar melhor com a criança.
Além disso, o fato de eu ser uma profissional da área também a ajuda a lidar melhor com uma criança com autismo, como o meu próprio filho.
Agora você já conhece um pouco mais sobre o ponto de vista dos pais de crianças com desenvolvimento atípico em função de quadros de autismo e sabe como esses pais se sentem durante o período de férias da criança.
Se você gostou desse artigo e quer saber mais sobre o assunto ou quer mais informações sobre a nossa pós-graduação em Análise do Comportamento Aplicada ao contexto de aprendizagem de criança com autismo ou outros tipos de atraso no desenvolvimento, fique de olho no nosso conteúdo.
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