Flexibilidade psicológica para pais na quarentena

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Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

Todos nós, no dia a dia, temos que desenvolver flexibilidade psicológica, e agora precisamos ainda mais.

Nós, profissionais que trabalhamos com crianças com atraso no desenvolvimento, precisamos treinar os pais para ter flexibilidade e resiliência para enfrentar esses momentos de quarentena, assim como os desafios de autismo em tempos de coronavírus.

Dificuldades dos pais com o autismo em tempos de coronavírus

Os pais e crianças com atraso no desenvolvimento têm preocupações diversas. Como, por exemplo, o fato de que o tempo está passando e seu filho pode estar perdendo habilidades. Afinal, todos nós sabemos que fazer as intervenções adequadas é parte fundamental para que a criança consiga se desenvolver.

Portanto, a angústia e ansiedade dos pais são normais. E, além disso, precisamos entender também que os pais tem uma vida fora disso também. Seus outros filhos, trabalho, cuidados com a casa demandam energia e atenção. Como terão tempo para assumir mais essas tarefas e ajudar no desenvolvimento dos filhos?

Portanto, para os profissionais ajudarem os pais nesse momento de quarentena, um ponto fundamental para ajudar essas famílias é alcançar a flexibilidade psicológica.

Este é um conceito que tem a base teórica analítico comportamental. E, mais especificamente, na ACT – Terapia da Aceitação e Compromisso, ou Treino de Aceitação e Compromisso.

O que é a flexibilidade psicológica?

A flexibilidade psicológica é a habilidade de reconhecer e se adaptar a demandas situacionais. Ou seja, aspectos da nossa vida que não controlamos.

E, assim, você se tornar presente e aberto para o momento atual, de modo que você possa reconhecer e mudar as suas estratégias comportamentais requeridas pelos aspectos momentâneos, e engajar em ações que são congruentes com seus valores mais profundos.

Nós precisamos reconhecer o momento em que estamos vivendo. Mas precisamos também ter a habilidade de nos adaptarmos através de mudanças dos nossos comportamentos.

E, para profissionais que trabalham com famílias e autismo em tempos de coronavirus, é necessário ajudar os pais a entender que seus comportamentos com relação aos filhos vão mudar.

Mas, para isso, é preciso estar aberto para o que está acontecendo para começar a se adequar a novas demandas.

Claro que mudar comportamentos precisa estar alinhado aos nossos princípios e valores. Ou seja, a nossa mudança de atitude deve estar sempre alinhada aos seus valores e preceitos que carregamos na vida.

Os profissionais que desejam treinar os pais precisam estar cientes disso – é o momento de treinar pais, de motivar e ajuda-los. Como você pode fazer isso?

flexibilidade psicológica

Princípios básicos sobre flexibilidade psicológica

  1. Pequenas ações importam. Grandes impactos vêm de pequenas atitudes. É necessário mostrar aos pais que 15 a 20 minutos fazendo atividade com filhos importam. Portanto, o pouco que conseguirem fazer já tem um impacto bem melhor do que não fazer nada;
  2. Em tudo há integração. Toda forma com que a criança se comporta está integrada, e é fruto do ambiente que ela vive. Você não precisa dar conta de tudo, mas suas pequenas ações importam justamente por causa disso: mesmo as coisas pequenas terão influências e consequências;
  3. Padrões são importantes. Muitas vezes temos foco na perfeição, se não for para fazer perfeito prefere nem fazer. Mas seguir fazendo é importante para criar um padrão de comportamento. No início pode haver erros na hora de motivar, de ensinas as atividades, mas você precisa começar a criar padrões e esses padrões vão melhorando;
  4. Significado importa. Muitas vezes não é sobre o que você fez. Por exemplo, quando você tem apenas 10 minutos para ajudar a criança, ensinar uma atividade, motivá-la. Mas isso já é um pequeno passo e já demonstra para você e para sua criança que o que você faz tem valor. As coisas tem valor pelos resultados que elas representam e não apenas pela performance em si;
  5. Mais fortes juntos. É necessário incentivar os pais a cuidarem de si mesmo, pois, primeiro ajuda a si mesmo para depois ajudar outra pessoa. Portanto, os pais precisam aprender a ter momento deles com eles mesmos, poderem se cuidar, refletir, descansar, ter lazer, ter apoio emocionais, amizades.
  6. Autocuidado com amor. Quando você se cuida, isso é um ato de amor com o outro que será cuidado por você depois. Dessa forma, quando vai se capacitar, se treinar, aprender isso refletirá no cuidado que você tem com as pessoas que convivem com você e serão beneficiadas por tudo isso.

Ter flexibilidade psicológica é algo essencial para pais com crianças com atraso no desenvolvimento. E, agora com a quarentena e pandemia, é mais importante ainda aprender isso e colocar em prática.