Quando falamos de autismo, ainda existe muita desinformação. Muitos familiares de autistas sentem-se perdidos e sem saber por onde começar quando recebem o diagnóstico de autismo ou quando suspeitam que seu filho seja autista.
É importante conhecer as intervenções no autismo e buscar ajuda profissional para identificar o tratamento mais adequado para cada autista.
Neste artigo, trazemos intervenções voltadas para o tratamento do autismo, incluindo estudos que foram feitos até o momento sobre elas e a eficácia dessas intervenções para o TEA.
Vale ressaltar que a Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é a intervenção com maior evidência científica e mais indicada para o tratamento do autismo.
Quelação
Processo de remoção de metais pesados, como chumbo, alumínio e mercúrio, do corpo humano quando eles alcançam níveis tóxicos. Envolve a utilização de um quelante que irá se ligar aos metais para que eles possam ser eliminados do organismo pela urina.
Os estudos dessa intervenção não apresentaram ganhos adicionais aos indivíduos que fizeram o uso de rodadas de quelação se comparados aos indivíduos que não fizeram, e ainda possuem uma falha metodológica, pois não incluíram um grupo de placebo que não recebeu o tratamento.
Terapia Craniossacral
Tratamento não invasivo, os terapeutas utilizam métodos para tratar uma ampla gama de distúrbios ligados ao autismo.
Os praticantes dessa terapia defendem que a doença e a saúde frágil podem ser atribuídas a perturbações no fluxo de fluídos envolvendo o cérebro e a coluna vertebral. Não há estudos empíricos examinando o uso desse tratamento para tratar sinais do autismo.
Terapia da Vida Diária
Com enfoque educacional, foi desenvolvida em Tóquio no ano de 1964 e lançada nos Estados Unidos em 1967. Fornece um ambiente altamente consistente e estruturado para crianças com autismo e possui três princípios inter-relacionados: (i) exercícios físicos; (ii) estabilidade emocional; (iii) estímulo intelectual. É uma abordagem holística com enfoque no desenvolvimento da educação como um todo.
DIR Floortime
Baseado no relacionamento e na diferença individual, ele foi desenvolvido como intervenção para o autismo na década de 80.
É uma estrutura abrangente projetada para ajudar pais, médicos, professores a elaborar e adaptar um programa de tratamento com base nos pontos fortes e desafios individuais da criança.
Baseia-se na Psicologia do Desenvolvimento e possui três pressupostos teóricos: (i) desenvolvimento; (ii) individual; (iii) relacionamento. Os dados da pesquisa são inconclusivos porque são utilizados em combinação com outras terapias.
Suplementos Nutricionais
Substâncias dietéticas ou nutricionais não alimentares que contêm vitaminas, minerais e elementos, enzimas, probiótico, antifúngicos, antibacterianos, antivirais, fibras, ácidos graxos ou aminoácidos. São ingeridos em forma de cápsulas, pós, comprimidos e prometem abordar deficiências nutricionais que causam os sintomas do autismo. Estudos mostram que as taxas de resposta ao placebo foram superiores a 30%.
Dieta Sem Glúten e Sem Caseína
Dietas usadas para distúrbios comportamentais desde a década de 60. Ao retirar determinados alimentos da dieta, o desconforto digestivo e as dores gastrointestinais são eliminados, melhorando a qualidade de vida dos autistas.
Crianças com autismo que apresentam alergia alimentar não podem entrar nas pesquisas, existem dificuldades metodológicas e práticas para a investigação científica dos efeitos da dieta, há problemas nas expectativas dos pais no relato verbal em pesquisas e ausência de um pós-teste mais fidedigno e exato para medição de melhorias comportamentais.
Oxigenoterapia Hiperbárica
Atuaria aumentando o fluxo sanguíneo do cérebro que faria uma diminuição da inflamação neural e gástrica, reduzindo assim o estresse oxidativo que poderia danificar o tecido cerebral.
Seu uso baseia-se na crença de que a neuroinflamação intestinal, o estresse oxidativo e o fluxo sanguíneo deficiente no cérebro sejam possíveis causas do autismo. Pesquisas recentes não confirmam os resultados das pesquisas iniciais e há pequenos riscos de danos aos órgãos ou convulsões.
Método Miller
Abordagem cognitiva-comportamental de tratamentos com foco em quatro problemas vistos com frequência no autismo: (i) problema de coordenação corporal; (ii) interações sociais; (iii) habilidades de comunicação; (iv) raciocínio simbólico.
As crianças são incentivadas a movimentarem-se e fazerem contato físico direto com objetos e pessoas, enquanto estiverem envolvidas em atividades. É feita uma avaliação detalhada da criança. Há apenas dois estudos publicados e um deles é pelos criadores do método.
Musicoterapia
Conjunto de técnicas baseadas na música e empregadas no tratamento terapêutico para causar mudanças sociais, emocionais, cognitivas ou físicas positivas. A forma mais utilizada é a musicoterapia improvisacional que se baseia na produção musical espontânea. As evidências existentes não são robustas quanto a efetividade da musicoterapia.
Programa de Consulta Domiciliar do Projeto (P.L.A.Y.)
Focada na construção de relacionamentos por meio da interação, essa terapia utiliza a teoria do desenvolvimento individualizada e de diferença individual baseada no relacionamento – DIR Floortime. O foco são crianças dos 18 meses aos 6 anos de idade. Busca a melhoria da reciprocidade social, da comunicação funcional e ad linguagem, ao mesmo tempo em que é desenvolvido um forte vínculo entre pais e filhos.
Intervenção Para o Desenvolvimento Relacional (IDR)
Tratamento executado pelos pais para crianças e adolescentes com autismo, é uma abordagem cognitiva desenvolvimento porque aborda alguns dos prejuízos centrais do desenvolvimento.
O programa concentra-se em ensinar pessoas com autismo a avaliar e adaptar seus comportamentos de forma interativa, ao invés de ensinar habilidades isoladas. Foi publicado apenas um estudo, possui resultado promissor e ainda necessita de muitas pesquisas.
Terapia de Integração Sensorial
Baseia-se na suposição de que o cérebro tem dificuldade em processar informações provenientes dos sistemas sensoriais. Ao longo do tempo, supostamente ocorreria a melhora da capacidade do cérebro para processar as informações sensoriais.
É uma terapia ocupacional que aborda problemas com a regulação do processamento sensorial estimulando e desafiando os sentidos de forma gradual e regulada. As evidências científicas são escassas, é uma área que nasceu com enfoque em serviço e não em pesquisa.
Programa SonRise
Programa que treina pais para que eles se juntem aos filhos nos comportamentos do autismo, em vez de tentar modificar ou cessar os comportamentos. A aceitação do comportamento da criança promove um ambiente de segurança e assim são construídas conexões e afinidades. É dada ênfase na criação de um ambiente livre de estímulos. Há uma forte ausência científica para esse método de intervenção e o custo é muito alto.
TEACCH
Focado na modificação dos ambientes, materiais e métodos de apresentação de modo que reflitam os estilos de aprendizagem específicos dos autistas. Fornece serviço para pessoas de todas as idades e níveis. Tem o objetivo de promover significado e independência por meio do apoio flexível e individualizado a autistas e suas famílias. As pesquisas estão em curso desde 1970.
ESDM
Conhecido como modelo Denver, faz o uso de princípios comportamentais de conhecimentos da Psicologia do Desenvolvimento. Começa por abordar a interação do autista com outras pessoas e partilha algumas características pegando princípios da ABA. Possui estudos que analisaram sua eficácia, embora os estudos em Terapia ABA ainda sejam superiores em quantidade.
Treino de Respostas Pivotais (PRT)
Modelo de intervenção naturalista derivado da ABA que visa áreas essenciais do desenvolvimento de uma criança. Essas habilidades são fundamentais porque são comportamentos sobre os quais os autistas podem fazer melhorias generalizadas em muitas outras áreas. Fazem procedimentos motivacionais específicos baseados em pesquisas, incluindo escolha da criança, variação de tarefas, uso de recompensa, dentre outros.
SCERTS
Abrangente para crianças mais velhas com autismo e também pode ser usado em indivíduos que não façam parte do espectro do autismo. Fornece orientações específicas para ajudar um indivíduo a tornar-se um comunicador visual competente e confiante e um aluno ativo. Diretrizes são fornecidas para ajudar o indivíduo a estar mais disponível para aprender e envolver-se, e prevenir comportamentos desafiadores. As pesquisas são limitadas e envolvem o criador do método, portanto há conflito de interesses.
Terapia ABA
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma ciência natural proposta por Skinner, em que táticas derivadas de princípios do comportamento são aplicadas sistematicamente para melhorar comportamentos socialmente relevantes. Seus princípios comportamentais são: reforço, punição e extinção.
O foco da Terapia ABA é pensar sobre as relações funcionais que ocorrem no ambiente, é o que se chama de Relação ABC, em que “A” é o antecedente, “B” é o comportamento (Behavior, em inglês) e “C” é a consequência. O antecedente é tudo o que acontece antes do comportamento, o comportamento corresponde ao comportamento em si e a consequência é o que ocorre após o comportamento. A Terapia ABA é apoiada por décadas de pesquisa, sendo o tratamento para o autismo com maior evidência científica.
Como ressaltamos aqui desde o início a intervenção com maior evidência científico para o Autismo e até neste outro texto em que falamos sobre evidência científica, o nosso enfoque é capacitar pessoas na Terapia ABA e formar especialistas que sejam profissionais de excelência e que dominem a melhor evidência científica para terem uma prática com maior precisão para com aqueles que necessitam de seus serviços.
Por isso eu te convido para começar comigo agora a sua jornada dentro da Análise do Comportamento aplicada, na Terapia ABA, através da nossa Formação de Atendentes Terapêuticos o seu pontapé inicial na aprendizagem para prestação de serviços na Terapia ABA.