Pais de crianças que possuem atraso no desenvolvimento constantemente enfrentam as dificuldades de encontrar uma boa escola para seus filhos. Normalmente, nesse processo de busca, eles recorrem aos terapeutas buscando o auxílio e recomendação de encontrar a escola ideal.
A verdade é que não existe exatamente uma escola ideal para todas as crianças – e nem mesmo para todos os momentos.
Afinal, não existem escolas perfeitas.
No entanto, existem sempre escolas mais adequadas para a criança ou o adolescente naquelas circunstâncias, com determinadas demandas e naquele momento específico.
Além disso, a escola que hoje pode ser ideal, daqui um ano pode já não ser mais. Sendo assim, é necessário reavaliar de tempos em tempos, de acordo com cada família e sua necessidade, qual é a escola mais adequada para aquela criança.
Nesse artigo, apresentamos 6 pontos de análise de uma escola que podem ajudar aos pais e terapeutas e identificarem a escola ideal para seu filho em cada momento.
1. Diagnóstico do aluno
Muitos pais possuem o receio de, ao entrar em contato com a escola e avaliar matricular seu filho nela, contar logo no primeiro momento sobre o diagnóstico da criança ou adolescente.
Claro que isso acontece por um motivo: muitas escolas, ao saber que a criança possui um diagnóstico de uma necessidade especial ou atraso no desenvolvimento, acabam informando que não existem vagas para aquela criança ali.
Assim, os pais preferem ocultar isso logo no começo, para encontrar a tal vaga desejada.
No entanto, é necessário olhar por outro ângulo esta questão e se perguntar: será que eu desejo colocar meu filho nessa escola? Será que essa escola está preparada para receber adequadamente meu filho? Será que essa escola irá aceita-lo? E como será esse processo?
Tudo isso só é possível descobrir quando você começa essa relação de pais e escola com transparência.
Muito melhor do que conquistar a vaga é você escolher a escola de acordo com a postura que ela adota ao saber que a sua criança tem um diagnóstico e como ela se compromete a ajudar no processo de ensino da criança diante das necessidades que ela possui.
Por isso, no primeiro momento é importante ser sincero: fale do diagnóstico do seu filho, e, se ele não possui um, informe sobre os sinais de atraso no desenvolvimento que ele possui.
Com isso claro de imediato você evita começar essa nova relação com o pé esquerdo.
2. Qual a linha pedagógica da escola ideal?
Normalmente, cada escola segue uma linha pedagógica. Existem escolas que são montessoriana, sociointeracionistas, construtivistas, tradicionais, entre diferentes linhas.
Mas mais importante que sabe qual o nome da linha pedagógica, é saber como as coisas acontecem na prática da escola e como essa linha pedagógica influencia em diversos aspectos da aprendizagem do seu filho.
Existem questões que precisam ser avaliadas diante disso: como é o processo de ensino e aprendizagem? Como é o planejamento dos professores? Quais os livros didáticos utilizados? Como são feitos os planos de aula? Como é construída relação entre os professores?
Todos esses pontos são essenciais a serem conversados com a escola. Afinal, é o seu direito também o de entrevistar a escola e conhece-la. Muitas vezes, nesse processo de garantir uma vaga para a criança na escola desejada, os pais esquecem que precisam conhecer como funciona a escola e como será para o seu filho estudar nela.
3. O acesso dos planos da escola para os terapeutas
Dependendo de como é feita a organização da terapia do seu filho, outra coisa muito importante é o acesso dos planos da escola para os terapeutas.
Muitas vezes os terapeutas pedem os planos de ensino da escola, por exemplo, para fazer adaptações no plano de ensino. Mas as escolas realizam os planos de aula de diferentes formas, tem escolas que fazem o plano semanal, quinzenal ou mensal.
Normalmente, as escolas fazem um plano anual baseado em todo o conteúdo que será dado ao longo do ano. Mas o detalhamento de como esse conteúdo será dado, qual página do livro será utilizada, qual exercício será passado, isso está no plano de aula da professora.
Muitas vezes os terapeutas não recebem esse plano com o tempo de antecedência necessário para que se realizem as adaptações curriculares. E, isso pode acabar prejudicando o processo de intervenção do seu filho.
Por isso, é essencial ser conversado logo no primeiro momento em que você está conhecendo a escola, deixando claro o que você precisa e quais são os processos e prazos para obter o que é necessário para atender as necessidades do seu filho.
De preferência, é importante ter documentos escritos sobre os combinados realizados entre os pais e as escolas.
4. Recepção da criança
Outra questão essencial é conversar sobre como será a recepção da criança na escola e qual preparo a escola e seus profissionais tem para isso.
Pergunte sobre quantas crianças têm na escola com alguma necessidade ou transtorno do desenvolvimento e quais são esses transtornos. Assim, você saberá se a escola está acostumada ou não a receber criança com necessidade especial.
Outra pergunta interessante a ser feita é sobre como que a e escola aborda a questão de ter uma criança com necessidade especial para com as outras crianças na escola?
É necessário que os pais possuam certa preocupação de como a escola aborda esse tema, formando crianças compreensivas com a diferença do outro. Pois, se a escola vai receber crianças com necessidade especial ou transtorno do desenvolvimento, ela precisa possuir diretrizes claras de como ela trabalha a diferença e a inclusão.
5. Necessidades de professora de apoio?
Conversar e deixar claro com a escola as demandas que você precisa é essencial também antes de realmente matricular o seu filho.
Uma demanda bastante comum é a necessidade de uma professora de apoio (que também pode ser conhecida como mediadora ou atendente terapêutica).
Esse profissional trabalha ajudando a mediar no processo de aprendizagem da criança/adolescente, dando auxilio não só de cuidados físicos, mas para estar do lado do seu filho dando as instruções para o processo de ensino e aprendizagem.
Nos acordos estabelecidos com a escola é importante destacar quem vai prover este profissional. Será a escola? Serão os pais? A escola aceitaria um profissional escolhido pelos pais? Ou aceitam apenas o profissional que eles mesmos dispõe?
Além de deixar isso claro, é importante também que seja conversado sobre o papel desse profissional e como o professor do seu filho lidará com isso.
O que muitas vezes pode acontecer é o professor deixar o aluno de lado por entender que aquele aluno possui já um professor somente para ele. E, assim, o professor da escola não assume o papel de ser professor do seu filho também.
Essas dúvidas precisam ser levantadas e esclarecidas o quanto antes, assim como acordos precisam ser feitos para minimizar os problemas que podem surgir posteriormente.
6. Necessidade especial
Além da necessidade de um profissional, muitos alunos com necessidades especiais ou transtorno no desenvolvimento podem ter outras demandas, como uso de aparelhos.
No caso, muitas crianças podem precisa utilizar em sala de aula um tablet, especialmente para os recursos visuais. Como é isso para a escola? Como a professora lidará com isso diante das outras crianças?
Outra questão que pode ser levantada é caso a criança tenha sensibilidade auditiva que a impeça de frequentar alguma atividade ou algum ambiente da escola e, por isso, ela precise levar um fone que faça cancelamento de ruído.
Tudo isso precisa ser muito bem conversado e esclarecido nessa busca pela escola ideal para o seu filho.
E nesse processo pode ser necessário fazer várias reuniões para que vocês garantam que estejam em sintonia.
E isso reduz o nível de estresse posteriormente, tanto das escolas chateadas quanto dos pais chateados. São diante dessas questões e de outras demandas específicas, que você busca pela escola ideal para uma criança com atraso no desenvolvimento.