4 Maneiras diferentes de crianças com autismo processarem informações

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Intervenção baseada em Evidência Científica

Sumário

Se você já viajou para outro país e permaneceu lá sem a ajuda de um tradutor, encarando as dificuldades do idioma e as diferenças dos costumes locais, você pode ter uma ideia de como é a vida cotidiana de crianças com autismo.

Tentar compreender um mundo onde todos os outros pareçam se entender, mesmo que as regras mudem constantemente, é, na melhor das hipóteses, frustrante e, em muitos dias, pode parecer bastante desmoralizante.

As crianças com autismo experimentam o mundo dessa maneira, porque desde o início elas são preparadas para processar informações de maneira diferente.

Compreender como as crianças com autismo assimilam as informações pode te ajudar, como pai ou mãe, a se comunicar melhor com elas. Além disso, te ajudará a criar mais empatia durante os momentos mais exasperantes da vida.

O que o seu filho diria se ele pudesse expressar a sua dificuldade?

Conheça mais sobre as crianças com autismo

como crianças com autismo pensam

1. Eu penso de baixo para cima

Essa pode ser uma das coisas mais importantes que você deve entender sobre mim.

A maioria dos neurotípicos (provavelmente você!) pensa de cima para baixo. Isso significa que você primeiro elabora uma imagem grande e depois preenche os detalhes da seguinte maneira:

  • Talheres (conceito)

Faca, garfo, colher. Esses são todos tipos de talheres.

  • Sapato (conceito)

Sandália, mocassim, tênis, salto alto. Esses são todos tipos de sapatos.

  • Cão (conceito)

Dogue Alemão, Lulu da Pomerânia, Husky Siberiano. Esses são todos tipos de cães.

Mas, ao contrário de você, eu inicio com os detalhes. Em seguida, parto para o mais geral.

Como funciona o pensamento de baixo para cima

Eu vejo algo caminhando na minha direção e você diz: “É um cachorro.” Ele é branco com manchas, tem o pelo curto e a sua altura fica próxima do meu quadril.

Portanto, para mim, um cachorro é algo branco com manchas, com o pelo curto e cuja altura fica próxima do meu quadril. Amanhã, se eu vir algo laranja e minúsculo, com pelo fofo, não saberei se é um cachorro, a menos que você me diga.

crianças com autismo

Se você me disser que é um cachorro, eu adicionarei à categoria. Mas se a próxima coisa que eu vir for muito grande, com pelos castanhos e brancos e um grande rosto caído, talvez eu não saiba que é um cachorro.

Sendo assim, eu vejo os detalhes primeiro. Depois de começar a categorizar todas essas coisas diferentes como “cachorro”, eu lentamente começarei a construir o conceito. Pode levar muitos, muitos exemplos até eu entender uma categoria mais ampla de “cachorro”.

Isso também acontece com as habilidades. Talvez você tenha me ensinado a brincar no balanço, mas isso não significa que a habilidade será transferida automaticamente para o escorregador ou até mesmo para jogos de tabuleiro.

Isso pode parecer uma fraqueza, mas não é!

Pessoas que pensam de baixo para cima, como eu, costumam se destacar em pesquisa e análise de dados, artes plásticas, programação, codificação, biologia do desenvolvimento, montagem, teste de software, design e outras carreiras que exijam detalhes, lógica e/ou repetição. Alguns até procuram pessoas como eu para as suas equipes!

Se você quiser me ajudar a melhorar o pensamento de cima para baixo, Stephen Shore, Linda Rastelli e Temple Grandin dão ótimas dicas sobre como ensinar o seu filho a lidar com as abstrações.

2. Eu entendo as coisas MUITO literalmente!

Às vezes você e eu podemos ter dificuldades de comunicação porque crianças com autismo entendem a linguagem em seu sentido mais literal.

“Todo mundo vai para a casa da vovó no natal”, você diz.

Nem todo mundo!“, eu poderia insistir. “Muitas pessoas não vão para a vovó. Sr. Michaels. Laura Ryan. Ninguém da minha sala vai“.

Às vezes, as pessoas pensam que eu estou apenas sendo teimoso quando respondo dessa maneira. Mas, na verdade, eu estou realmente tentando entender a conversa.

É por isso que quando você diz “Papai está na casa de cachorro hoje“, eu posso sair correndo para fora para ver.

Você pode notar que às vezes eu faço muitas perguntas durante uma conversa, que podem ser exaustivas. Essa é simplesmente a maneira que uso para ter certeza de que estou entendendo o que você está dizendo.

Pode demorar um pouco, mas com a prática nós dois aprenderemos como nos comunicar melhor.

crianças com autismo

3. É mais difícil para mim lembrar sequências

Você já reparou que às vezes eu começo algo que você me disse para fazer e travo no meio da tarefa?

Talvez você tenha me pedido para lavar as roupas e tenha explicado em detalhes o que eu deveria fazer.

Então, eu peguei as roupas de cada quarto.

Eu trouxe as roupas para o porão.

Eu abri a lavadora e coloquei as roupas.

Mas, não me lembro qual é o próximo passo.

Seja por meio de orientações sobre como ir da minha casa para a escola ou por meio de uma lista de tarefas que precisam ser feitas hoje, eu terei mais sucesso se você escrever as etapas.

Apresentações visuais podem ser úteis para me manter no caminho certo, na rotina de levantar ou ir para a cama. Usar um código de cores para diferenciar coisas que pertencem à cozinha ou ao meu quarto também ajuda.

A National Autistic Society (Reino Unido) apresenta ótimas ideias para me ajudar com esse processo, então confira as sugestões deles… Isso provavelmente tornará a vida menos estressante para nós dois!

4. Para mim, é realmente difícil imaginar algo da sua perspectiva

Eu estou no parque e vejo um colega de classe. Eu amo a história da China, então decido contar ao meu colega de classe tudo o que estou aprendendo sobre a dinastia Qin. Porque, se eu acho isso fascinante, ele também deve achar, certo? Então, eu falo sobre isso. Por muito tempo.

Talvez ele seja educado por alguns minutos, mas ele realmente não quer ouvir.

Um pouco depois, ele diz “Bem, isso é bom, mas eu quero ir brincar nos balanços”.

É difícil manter o relacionamento desse jeito, certo? O problema é que eu não sei o que fiz de errado.

É difícil para eu entender que os outros podem pensar, sentir ou acreditar em algo diferente de mim.

Na verdade, posso até presumir que você saiba o que está acontecendo na minha mente ou que tenha os mesmos planos que eu, e ficar frustrado quando você não tiver (os cientistas chamam isso de “Teoria da Mente”).

Por causa disso, as interações comigo podem parecer desconcertantes ou irritantes. Eu posso até dizer algo que fira os seus sentimentos.

Eu não ajo assim porque eu sou simplesmente uma pessoa egoísta ou cruel. É que o meu cérebro não processa as coisas da mesma maneira que o seu.

Por conta dessa dificuldade, crianças com autismo podem ser vulneráveis a serem enganadas, já que não tem a tendência de esperar que os outros mintam.

A forma com que crianças com autismo processam informações é diferente e muitas vezes difícil de ser compreendida. Através de conhecimento, podemos derrubar preconceitos e barreiras.

Acessando novos conteúdos antigos e acompanhando os novos, você pode adquirir ainda mais conhecimento.

Caso tenha alguma dúvida ou queira acrescentar algo sobre a forma diferente com que crianças com autismo processam informações, deixe seu comentário. Não deixe de compartilhar esse conteúdo com outras pessoas também!