Quando falamos sobre o tratamento dos Transtornos do NeuroDesenvolvimento, uma das opções de tratamento medicamentoso.
É importante lembrar que o uso de medicamentos para crianças e adolescentes tem se tornando cada vez mais frequente nos últimos anos, pelo fato de haver cada vez mais conhecimento sobre o tratamento medicamentoso e opções de medicamentos no mercado.
Quando o tratamento medicamentoso deverá ser utilizado?
Vamos pensar, primeiro, sobre a ocorrência dos transtornos do comportamento.
O transtorno do comportamento ocorre quando há problemas no rendimento escolar do aluno, sem haver outros motivos que expliquem tal comportamento; quando há problemas na relação e convivência com amigos, familiares e colegas; ou quando há reações comportamentais e sentimentais inadequadas, como em situações corriqueiras, ou mesmo reações com sinais físicos e de medo relacionados aos acontecimentos comuns do dia a dia.
Sendo assim, em todos esses casos o paciente ou aluno deverá receber um tratamento medicamentoso? Não! O medicamento é utilizado para o tratamento de sintomas-alvo. Assim, ele auxilia no tratamento, mas não cura a doença, dando suporte e amenizando os sinais do transtorno.
Quais as classes de medicamentos existentes?
Em relação ao tratamento medicamentoso para os Transtornos do NeuroDesenvolvimento, as classes de medicamentos incluem: antidepressivos; antipsicóticos/neurolépticos; estabilizadores do humor; estimulantes; além de uma categoria quase que exclusivamente utilizada em pacientes adultos, que não foi abordada neste artigo.
Medicamentos antidepressivos
Nos tratamentos antidepressivos, o principal mecanismo para a ação do medicamento são os inibidores seletivos, tendo como exemplo de medicamentos comumente utilizados a Fluoxetina e a Paroxetina.
É importante lembrar que os tratamentos com medicamentos antidepressivos costumam levar de 4 a 6 semanas para serem percebidos e sentidos no paciente. Além disso, a presença dos efeitos colaterais, que são precoces, pode diminuir conforme aumentar o tempo de uso do medicamento.
Os antidepressivos costumam causar uma melhora de sinais em 60 a 70% dos indivíduos, sendo, portanto, bem eficazes. Eles também podem ser utilizados no tratamento de outros transtornos, como TOC, TDAH, angústia de separação, dentre outros.
Medicamentos antipsicóticos / neurolépticos
Essa classe de medicamento normalmente é usada para o tratamento de: transtornos psicóticos, autismo, síndrome de Tourette, retardo mental associado a alteração de comportamento, explosões de agressividade nos transtornos de conduta e transtorno bipolar.
Infelizmente, os medicamentos dessa categoria medicamentosa apresentam muitos efeitos colaterais, como: disfunções extrapiramidais, especialmente distonias, parkinsonismo e sedação. Por conta disso, há muita resistência por parte dos familiares do paciente para aderir a esse tratamento.
É importante ser claro e consciente com os familiares, explicando que o medicamento visa diminuir o sofrimento do paciente e que o uso será, se possível, temporário.
Exemplos de medicamentos antipsicóticos / neurolépticos mais utilizados: o Haldol, Risperidona e Clozapina.
Medicamentos estabilizadores de humor
No caso desses medicamentos, os mais utilizados são: Lítio, Carbamazepina e Valproato de sódio.
Apesar do medicamento mais utilizado ser o Lítio, ele pode causar fortes efeitos colaterais. Já os outros dois medicamentos apresentam a mesma efetividade e geram efeitos colaterais.
Os principais efeitos colaterais do Lítio incluem: náuseas, vômitos, aumento de peso, cefaleias, tremores, além de possível desenvolvimento de hipotireoidismo.
No caso do Valproato de sódio, apesar dos efeitos colaterais serem menores, é importante ficar atento a um possível efeito colateral do medicamento quando administrado nas meninas: o desenvolvimento de ovários policísticos.
Medicamentos estimulantes
No tratamento com estimulantes, os medicamentos mais comuns são: o Metilfenidato (como a Ritalina, a Ritalina LA e o Concerta) e as Anfetaminas.
Dentre os efeitos colaterais existentes por conta do uso desses medicamentos, estão: insônia, perda de peso, redução de apetite, náuseas, vômitos e o déficit de crescimento.
Infelizmente, há um tipo de Anfetamina normalmente utilizada que ainda não é comercializada no Brasil (apenas nos Estados Unidos), cujo uso é recomendado a partir dos 3 anos de idade. No caso dos outros medicamentos dessa classe, recomenda-se que eles sejam utilizados a partir dos 6 anos de idade, somente.
Sabemos que embora apenas os médicos possam prescrever medicações, é de suma importância que os profissionais que estejam realizando as intervenções entendam sobre a parte farmacológica, haja vista que são eles que possuem contato mais frequente com os indivíduos. Justamente, para dar uma visão completa desde o diagnóstico até a intervenção, dentro dos Transtornos do NeuroDesenvolvimento, criamos uma Especialização com esse enfoque, para preparar profissionais para conhecerem os Transtornos do NeuroDesenvolvimento, desde o diagnóstico até a intervenção. Clique Aqui para saber mais sobre.