Quando falamos sobre o ensino da comunicação no autismo, precisamos conhecer a Teoria de Comportamento Verbal, que está dentro da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
Skinner, que é considerado o pai da Análise do Comportamento, passou 20 anos da vida dele elaborando sua teoria sobre a linguagem e a comunicação.
Em sua publicação “Verbal Behavior” (Comportamento Verbal) de 1957, Skinner realizou a análise comportamental da linguagem. Nesse livro, ele descreveu como via a linguagem mediante a Ciência do Comportamento.
De acordo com Skinner, a linguagem é um comportamento aprendido, adquirido, expandido e mantido pelos mesmos tipos de variáveis ambientais e princípios que controlam os demais comportamentos não relacionados à linguagem.
Comportamento Verbal
O comportamento verbal é reforçado pela mediação do comportamento e outra pessoa, ou seja, é necessária outra pessoa na contingência comportamental que vai reforçar esse comportamento. O foco não está no que o autista está falando, mas sim no porquê ela está usando a linguagem.
Skinner definiu o comportamento verbal com base na função da resposta, ao invés da forma da resposta. Levando isso para a prática, conclui-se que é necessário ensinar as pessoas com atraso na linguagem e na comunicação a comportarem-se como falantes e como ouvintes.
É importante ficar claro que um autista que apresenta um comportamento de falante não necessariamente terá um comportamento de ouvinte. Os estudos dentro da Análise do Comportamento mostram que o comportamento de ouvinte e falante são habilidades diferentes e que é preciso ter esses pontos como objetivos de ensino do paciente ou aluno que não tenha a linguagem desenvolvida.
Operantes Verbais
Skinner estudou e dividiu a linguagem em pequenos pedaços, classificando-os com base nas suas respectivas funções, analisando essas funções com base nos antecedentes e nas consequências.
A esses pequenos pedaços, Skinner deu o nome de operantes verbais. Em seu livro, foram identificados seis operantes verbais: mando, tato, intraverbal, ecoico, textual e transcrição. É muito importante conhecer os operantes verbais quando falamos sobre o ensino da comunicação no autismo.
Mando
O mando é o operante verbal mais importante, é a base para ensinar o autista a comunicar-se e pedir e desenvolver as habilidades de linguagem e intenção comunicativa.
O mando corresponde à habilidade de fazer pedidos, a pedir o que você quer. Por exemplo, dizer “biscoito” porque quer biscoito.
Tato
O tato é a nomeação de objetos, ações, pessoas, eventos. Por exemplo, falar “avião” porque viu ou ouviu um avião no céu.
Em relação à análise ABC (Antecedente, Comportamento e Consequência) do tato, há um antecedente de ver, ouvir ou sentir algo, um comportamento de falar ou nomear algo e não há uma consequência específica.
O tato é importante para a aquisição de vocabulário e só pode ser ensinado depois que o autista possuir o mando e a habilidade de imitação.
Ecoico
O ecoico corresponde a uma imitação verbal. Por exemplo, falar “bola” depois de ouvir “bola”.
A análise ABC do ecoico tem um antecedente de ouvir algo, algum som ou alguma palavra, um comportamento de repetir o que foi ouvido e não há uma consequência específica.
O ecoico é importante para o ensino de novas palavras e para melhorar a dicção e oralidade do paciente ou aluno.
Intraverbal
O intraverbal é fundamental para que ocorra a comunicação e a interação social. Ele consiste em responder perguntas ou manter conversas com palavras que são controladas por outras palavras. Por exemplo, falar “sapato” quando alguém pergunta “O que você usa nos pés?”.
A análise ABC do intraverbal tem como antecedente um estímulo verbal, um comportamento verbal e não há uma consequência e um reforçador específicos.
Textual e Transcrição
O comportamento textual consiste em ler palavras escritas. Por exemplo, falar “sapato” porque viu a palavra escrita “sapato”. Já a transcrição corresponde a escrever e soletrar palavras faladas.
Compreender sobre o Comportamento Verbal e sobre cada um dos Operantes Verbais é fundamental no ensino da comunicação no autismo, quando desejamos desenvolver as habilidades de linguagem dos autistas.
Isso é essencial para melhorar as capacidades dos pacientes ou alunos de escrita, de compreensão da linguagem falada, de materiais textuais e a habilidade deles de pensar claramente.
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