Quando os indivíduos nascem, eles estão prontos para aprender uma língua e, com o passar do tempo, poderem comunicar-se com as pessoas ao seu redor. Contudo, caso eles apresentem transtornos da linguagem e da fala, o aprendizado de uma língua poderá ser processo um tanto desafiador.
Aprender uma língua é uma etapa do desenvolvimento que leva tempo, desde o momento em que o indivíduo nasce e começa a aprender os primeiros sons e as primeiras palavras, até o dia em que ele começa a falar.
A rapidez com que um paciente ou aluno irá começar a emitir os primeiros sons e falar varia muito de um para outro, pois é algo que está relacionado com o tempo que ele levará para dominar os marcos de desenvolvimento da linguagem e da fala.
Pacientes ou alunos de desenvolvimento típico podem ter dificuldade com alguns sons, algumas palavras e frases enquanto estiverem aprendendo. No entanto, a maioria das crianças de desenvolvimento típico costuma usar a linguagem com facilidade por volta dos 5 anos de idade.
Contudo, para alguns indivíduos, pode ser um grande desafio usar a linguagem e a fala, o que muitas vezes o torna dependentes da ajuda de outras pessoas para conseguirem estabelecer uma comunicação.
Quando isso acontece e o paciente ou aluno não consegue dominar os marcos da linguagem e da fala ao mesmo tempo que seus pares, é importante que seja realizada uma avaliação, pois esse atraso poderá ser indicativo da presença de um transtorno da linguagem e/ou da fala, e até mesmo de outro transtorno do neurodesenvolvimento.
Se o diagnóstico de um transtorno for confirmado, ou se mesmo antes da confirmação houver sinais evidentes de um transtorno, será importante iniciar o tratamento, pois a intervenção precoce poderá proporcionar ao paciente ou aluno o desenvolvimento das habilidades em atraso.
Sinais indicativos de transtornos da linguagem e da fala
O desenvolvimento da linguagem e da fala envolve diferentes etapas e os pacientes ou alunos com atraso poderão apresentar um mais dos seguintes sinais:
- dificuldade para compreender o que as outras pessoas dizem (linguagem receptiva);
- dificuldade para comunicar pensamentos e desejos usando a linguagem (linguagem expressiva);
- não compreender o significado das palavras;
- dificuldade para formar palavras ou sons específicos;
- dificuldade para juntar as palavras e formas frases;
- conhecer as palavras que deve usar, mas não ser capaz de expressar essas palavras;
- dificuldade para pronunciar palavras e frases, gaguejar;
- pronunciar as palavras e as frases mais lentamente/rapidamente do que o normal.
Formas de estimular o desenvolvimento das habilidades de linguagem, fala e comunicação
Como os indivíduos aprendem a linguagem ouvindo as outras pessoas falarem e por meio da prática, os pais e profissionais terão um importante papel no desenvolvimento de suas habilidades de linguagem e fala nos primeiros anos de vida.
Até mesmo os bebês percebem quando as outras pessoas repetem e respondem aos ruídos e sons que eles emitem.
As habilidades linguísticas e cerebrais dos indivíduos ficam mais fortes quando eles ouvem muitas palavras diferentes. Por isso, é comum filhos de pais de nacionalidades diferentes e que falam idiomas diferentes aprenderem a falar os dois idiomas ainda bem pequenos.
As pessoas próximas do paciente ou aluno poderão ajudar a desenvolver a linguagem e a fala de muitas maneiras, mesmo que ele apresente atraso no desenvolvimento dessas habilidades.
Algumas dessas formas são:
- responder aos primeiros sons e gestos que ele fizer;
- repetir o que ele disser e acrescentar algo;
- falar sobre as coisas que ele estiver observando;
- fazer perguntas e ouvir as respostas dele;
- ler livros;
- contar histórias;
- cantar músicas e fazer rimas.
É importante destacar que, ainda que a fala seja a forma de comunicação mais utilizada pela maioria das pessoas, ela não é a única.
No caso dos pacientes ou alunos que tenham dificuldade para falar e que estejam muito defasados em relação ao que é esperado em sua faixa etária, será importante oferecer a eles formas alternativas de comunicação, o que inclui sinais, gestos, expressões faciais, movimentos corporais, uso de imagens…
O mais importante, no caso dos indivíduos com transtornos da linguagem e da fala, é que eles consigam estabelecer uma comunicação, mesmo que isso não ocorra por meio da fala.
Muitos problemas de comportamento estão relacionados à dificuldade dos pacientes ou alunos em expressar o que sentem ou pedir o que desejam. A frustração gerada por essa dificuldade muitas vezes os leva a apresentar comportamentos inadequados.
Outros transtornos relacionados aos transtornos da linguagem e da fala
Os transtornos da linguagem e da fala podem ocorrer com outros distúrbios de aprendizagem que afetam a leitura e a escrita.
Eles também podem estar presentes em distúrbios emocionais ou comportamentais, como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou a ansiedade.
Pacientes ou alunos com atrasos no desenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), também podem ter dificuldades com a fala e a linguagem.
Tratamento dos transtornos da linguagem e da fala
A combinação de desafios com a linguagem e a fala pode tornar particularmente difícil para um paciente ou aluno ter sucesso em diferentes áreas da sua vida, principalmente no ambiente escolar.
Indivíduos com problemas de linguagem e fala geralmente precisam de ajuda extra e instrução especial.
A realização de uma avaliação por profissionais especialistas será necessária se houver preocupações sobre a audição, o comportamento e/ou as emoções do paciente ou aluno.
Uma das primeiras questões que os profissionais deverão avaliar é se o indivíduo apresenta perda auditiva. A perda auditiva pode ser difícil de perceber, principalmente se ela ocorrer em apenas um ouvido ou se for uma perda auditiva parcial, o que significa que o indivíduo poderá ouvir apenas alguns sons.
Diagnosticar adequadamente o transtorno de um indivíduo é fundamental para que ele possa obter o tipo certo de ajuda.
Os pais, os profissionais e a equipe escolar deverão trabalhar juntos para o levantamento das informações necessárias para o fechamento do diagnóstico e para a decisão sobre o tratamento mais adequado para o paciente ou aluno, pensando sempre no seu bem-estar e desenvolvimento contínuo.
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